Três anos após encenar a elogiada versão de Hamlet, com Thiago Lacerda, Ron Daniels, brasileiro, radicado em Nova York, e um dos principais diretores teatrais da britânica Royal Shakespeare Company de Stratford-upon-Avon, está de volta ao país. O diretor traz a Novo Hamburgo a tragédia Macbeth, que faz parte da turnê Repertório Shakespeare. Com realização da Opus Promoções e do Ministério da Cultura, o espetáculo terá sessão no Teatro Feevale dia 24 de junho, às 21h. Os ingressos já estão à venda. Confira o serviço completo abaixo.
Na peça, a atriz Luisa Thiré interpreta Lady Macbeth e Thiago Lacerda faz Macbeth, o herói de guerra que se transforma em um assassino inescrupuloso e bestial, enquanto Marco Antônio Pâmio interpreta o virtuoso general Macduff.
Daniels ficou no Rio de Janeiro por cinco meses e concluiu a maratona de mais de 800 horas de ensaios da turnê Repertório Shakespeare. O diretor, que também foi responsável pela fundação do Teatro Oficina, ao lado de José Celso Martinez Corrêa e Renato Borghi, dirigiu Rei Lear, em 2000, protagonizado pelo ator Raul Cortez e ao todo contabiliza 41 encenações de Shakespeare, entre montagens nacionais e internacionais.
“Nos reunimos para este projeto artístico em torno da montagem das obras de Shakespeare no Brasil, uma continuidade natural do trabalho iniciado em Hamlet, com novos atores de escolas e realidades diferentes que se juntam ao núcleo anterior vindo do elenco do Hamlet. Parece até que formamos uma companhia teatral!”, acrescenta Daniels.
O repertório estreou em São Paulo, em novembro de 2015. Em fevereiro de 2016, partiu para o Rio de Janeiro, dando início a circulação dos espetáculos pelas principais cidades do Brasil. O elenco é composto por Ana Kutner, André Hendges, Fábio Takeo, Felipe Martins, Lourival Prudêncio, Lui Vizotto, Luisa Thiré, Marco Antônio Pâmio, Marcos Suchara, Rafael Losso, Stella de Paula, Sylvio Zilber e Thiago Lacerda.
SOBRE MACBETH
Na montagem, Macbeth, um general corajoso, ao voltar triunfante da guerra, encontra três criaturas misteriosas, videntes que lhe fazem a seguinte profecia: Macbeth será rei, em um futuro próximo. A ambiciosa Lady Macbeth, esposa de Macbeth, ao ficar sabendo da profecia, instiga seu marido a matar Duncan, o atual rei. Quando o crime é descoberto, os filhos de Duncan, Malcolm e Donalbain, sentindo-se ameaçados, resolvem fugir e Macbeth é coroado.
Escrita no fim do século XVI, a peça acontece no caos da guerra, onde mundo é um campo de batalha. Mas Shakespeare pergunta de onde vem o mal? Em que canto do ser humano se encontra o germe de uma ambição tão desenfreada que nos leva a matar? E como lidar com a consciência quando o sangue derramado exige cada vez mais sangue, e aos assassinos não é mais permitido um momento de sono, um instante de quietude ou repouso? Com o crime e a culpa, morre também o amor?
DUAS PERGUNTAS PARA RON DANIELS
Como fazer uma montagem de Shakespeare que seja brasileira sem ser folclórica?
O teatro do Shakespeare me parece ser algo muito mais perigoso, subversivo, muito mais intelectual e emocionalmente muscular, desafiador, do que folclórico e bonito. Entendo suas peças como algo que não seja precioso, algo que seja direto, que qualquer um possa entender com grande clareza, não apenas a narrativa, mas todas as palavras, como se fossem palavras faladas na rua. Vamos procurar uma linguagem popular. Não uma linguagem erudita, elitista. Só assim chegaremos a algo completamente contemporâneo, um teatro cheio de paixão, com uma audácia feita com o coração, com um calor imediato, este a meu ver, é o teatro do Shakespeare, em qualquer linguagem. Sempre falamos de levar o teatro para a rua, mas que tal levarmos a rua para o teatro? Esse é o nosso ponto de partida.
A realidade política brasileira entra em cena?
Certamente. Mas Shakespeare não escreveu nenhuma peça sobre seu próprio tempo. Ele sempre criava um sonho, uma fantasia, longe da sua terra natal. As suas peças se situam em lugares a que ele nunca foi, em tempos antigos que ele não conheceu. E Shakespeare não procura mudar o mundo, por pior que este mundo seja. Ele não está à procura de soluções. Ele apenas nos faz olhar profunda e rigorosamente a nós mesmos, às nossas contradições, e nos dá, assim, uma visão das infinitas possibilidades humanas.
ELENCO I PERSONAGENS
Thiago Lacerda: Macbeth
Marco Antônio Pâmio: Macduff
Luisa Thiré: Lady Macbeth
Sylvio Zilber: Duncan e Velho Seward
Marcos Suchara: Banquo
Lourival Prudêncio: Sargento, Porteiro e Doutor
Felipe Martins: Feiticeira, Mensageiro, Assassino
Ana Kutner: Feiticeira, Lady Macduff, Enfermeira
Rafael Losso: Malcolm
André Hendges: Ross e Oficial
Fabio Takeo: Lennox
Stella de Paula: Feiticeira, Fleance e Mensageiro Branquela
Lui Vizotto: Donalbain, Assassinos, filho de Macduff
SERVIÇO
MACBETH
Dia 24 de junho
Sexta-feira, às 21h
Teatro Feevale (ERS-239 – Campus II da Universidade Feevale)
www.teatrofeevale.com.br
Duração: 100 minutos
Classificação: 14 anos
Gênero: Tragédia
Patrocínio: Banrisul
Realização: Opus Promoções, Ministério da Cultura e Governo Federal, Brasil, Ordem e Progresso
INGRESSOS
Frisas R$ 50,00
Balcão Nobre R$ 50,00
Plateia R$ 90,00
Camarote R$ 110,00