SE A ESCOLA AJUDA, EU ATRAPALHO!
O brilho no olhar de um aluno não pode ser desperdiçado! A sensibilidade de uma professora e a confiança gerada a partir de comprometimento e educação*Por César Silva A sala de aula estava quieta! Laurinha estudava concentrada. Suas amigas e colegas também. Ela estava doida para pegar o celular e pesquisar informações mais atuais do que as do livro, mas era proibido usá-lo em sala de aula - Professora! Posso lhe perguntar uma coisa? - Sim, Laurinha! A professora foi ao encontro dela. Laurinha pediu que se abaixasse para falar baixinho em seu ouvido: - Por que eu não posso pesquisar na internet? - A escola não permite, Laurinha! - Mas, professora! Como eu posso fazer um trabalho fantástico se não posso usar nada além do livro? - Laurinha! Eu sei como você é dedicada e como é a educação em sua casa. Há vários colegas aqui assim. Mas não posso deixar a bagunça tomar conta. - Quer dizer que eu não posso fazer um bom trabalho porque tem alguns colegas que não sabem usar o celular na hora certa? - Sim, Laurinha! - Professora, isso não é justo! Me sinto prejudicada! - Laurinha! Vamos fazer o seguinte. Você quer melhorar o seu trabalho? - Quero professora! Ele vai ficar muito fraquinho só com o livro. Tenho lido sobre esse assunto e há muito mais o que pesquisar. - E se eu permitir que você pesquise no intervalo e me entregue até o final da manhã na sala dos professores, você topa? - Claro professora! - Está bem, Laurinha! Continue fazendo. Depois a gente conversa. E foi o que aconteceu! Laurinha passou o intervalo pesquisando, sem sair da sala, enquanto seus colegas foram se distrair. Para ela, estar na escola era sinônimo de estudo. Depois, podia levar a amiga que quisesse na sua casa, sem problemas. Chegado o fim da manhã escolar, Laurinha foi até a sala dos professores e entregou seu trabalho completo. Ela disse: - Professora! Agora é um trabalho que vale a leitura! A professora deu um sorriso maroto e logo se despediram. Aquela atitude de Laurinha provocou na professora uma série de questionamentos. Ela sabia das regras da escola, mas também não podia deixar passar uma oportunidade como essa. A professora Silvia era uma jovem que estava prestando serviço na educação por cinco anos. Havia vários pontos interessantes que ela observava! Era respeitosa e ao mesmo tempo não queria deixar de aprender sempre. Marcou uma reunião com a sua coordenadora pedagógica. Explicou a situação e demonstrou real interesse em criar um ambiente de melhor aprendizagem, que fosse relacionado com o que os pré-adolescentes desejavam. - O brilho no olhar de um aluno não pode ser desperdiçado! A coordenadora pedagógica, experiente e sensível, entendeu a situação e marcou uma reunião com a diretora da escola e com Silvia. A diretora tinha fama de ser uma mulher muito altiva e firme. Mas, no fundo, no fundo, era uma pessoa muito esclarecida e aberta, mas não podia deixar de ser a liderança unificadora da escola. A conversa foi muito proveitosa. A diretora colocou uma condição antes de aceitar discutir o assunto: que todas conversassem com a Laurinha antes de sugerir qualquer mudança. A coordenadora ligou para a mãe de Laurinha. Explicou a situação e recebeu a anuência para a reunião. Ela disse: - Conheço e confio na escola e na minha filha. Não preciso estar presente! A reunião aconteceu! Laurinha estava toda empolgada mas não sabia exatamente o que esperar. Pesquisou vários sites de escolas na internet com métodos diferentes e atrativos, levando as informações em sua pasta. Só utilizaria se fosse necessário! Estrategista ao extremo! A reunião iniciou. Todos se cumprimentaram e agradeceram a presença de Laurinha. E antes de qualquer explanação, a diretora fez uma pergunta a ela, de forma gentil e direta: - Laurinha! Você acredita que seus colegas têm a mesma responsabilidade que você? E Laurinha respondeu: - Como você vai saber diretora se não oportunizar a eles essa dúvida? Todas se olharam! A reunião seguiu com uma série de conversas e trocas de informações. Foi um momento interessante. Próximo ao final da reunião, Laurinha olhou para todos e lascou: - Fico feliz que vocês estão me ouvindo! Me senti valorizada. Eu ficaria muito triste se não fosse escutada. Não gosto de atrapalhar! Gosto de ajudar! Certamente iria pedir para minha mãe me colocar em uma escola que valorizasse a opinião dos alunos que querem o melhor. Ainda bem que não vou trocar de escola.... A gargalhada foi geral! O clima continuou ótimo e as aulas também! Foi criado um espaço na grade escolar para os alunos usarem o celular em tarefas, como um momento de educação transversal a quem tivesse interesse. Na mente da diretora já estava presente a necessidade de uma mudança. As aulas seguiram e os planos começaram. Laurinha atrapalhou ajudando! A escuta ativa e o aprendizado de todos se fez presente! O respeito ao ser humano também! *César Silva é Escritor, Professor e Mentor de Negócios PMBM®, Autor do e-book Inspirando Rumos - Histórias, Editora Temas Preferidos.
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