O ano começou com um alerta importante, que deve seguir como cuidado permanente, principalmente no que se refere à prevenção. Que o Janeiro Branco, mês que se destaca pelo cuidado com a saúde mental, possa seguir por todo o calendário.
Há algumas semanas, aqui, destacamos a iniciativa de uma empresa que olhou diferente para o seu colaborador e passou a oferecer uma possibilidade incrível de atendimento na área da psicologia.
Encontramos mais organizações com este foco e pudemos constatar que, felizmente, a preocupação com o bem-estar emocional do funcionário é uma realidade cada vez maior entre os empregadores.
Conversamos com a psicóloga Aline Kruse, que dirige o Núcleo de Atendimento Psicológico (NAP), em Novo Hamburgo (RS), e já contabiliza experiências bem positivas no chamado acolhimento psicológico e também convênio com as empresas que proporcionam a seus funcionários o atendimento em psicoterapia.
O acolhimento psicológico, diz Aline, é uma proposta contratada pela empresa na qual o NAP disponibiliza psicólogos em dia e horário da semana previamente combinado para momentos de escuta com o colaborador. Diferente de um momento de terapia, diz Aline, o acolhimento é uma escuta especializada. “O funcionário é que se inscreve para conversar com o terapeuta no horário do expediente e consequentemente são feitos encaminhamentos”, comenta a psicóloga. Acontece de, muitas vezes, problemas serem identificados e o funcionário é aconselhado a buscar atendimento com um médico ou outro profissional da área da saúde, como o psicólogo.
Aline destaca que não se trata de um trabalho de investigação ou solução de problemas da empresa, mas de forma individual do trabalhador. De acordo com ela, é claro para o empresário que faltas ao trabalho ocorrem com cada vez mais frequência como consequência de quadros de ansiedade, depressão, entre outros dessa natureza. Assim, continua, o acolhimento é algo que as empresas estão fazendo para proporcionar maior qualidade de vida aos funcionários.
Além do acolhimento, outra proposta do Núcleo de Atendimento Psicológico é o convênio com a empresa, nesse caso o empreendedor não tem custos para adquirir os serviços e o colaborador e seus dependentes têm descontos para os serviços oferecidos pelo NAP. São atendimentos individuais presenciais ou on-line, em sessões de 45 minutos a 1 hora. Acolhimento, diz Aline, é tempo restrito porque não é terapia, é um momento de escuta. O convênio é para psicoterapia ou outras especialidades oferecidas pelo NAP.
O atendimento psicológico para as empresas existe há oito anos e o acolhimento dentro da empresa é mais recente, quatro anos. "E é muito bacana porque cada vez mais isso está crescendo e as pessoas estão se dando conta da importância em ter uma vida equilibrada", diz Aline, ao completar que para a terapia, não há necessidade de encaminhamento médico, pois a ideia é trabalhar com prevenção e isso significa não estar doente.
Exemplo na prática
Uma das grandes mudanças é o trabalhador se sentir olhado como um todo. Se percebe efetivamente um olhar de cuidado com as pessoas dentro das empresas. Isso traz mais produtividade. "Problemas todos nós temos, mas para conseguir lidar com eles a gente às vezes precisa de um auxílio externo para conseguir enxergar o que acontece à nossa volta e como estamos errando", completa Aline.
E esse contexto é vivenciado diariamente na Dimel Materiais de Embalagem Ltda, como explica a gerente geral da empresa Edlene Rosa da Silva. A parceria com o NAP começou em 2019, antes da pandemia, o que ela vê como extremamente positivo dado o cenário que se desenhou com a chegada do coronavírus. “O apoio e o acompanhamento durante essa fase complexa fez diferença. Observamos um ganho de ferramentas no dia-a-dia, principalmente entre as lideranças, que podem propagar a proposta de autoconsciência, maturidade emocional, gestão das emoções”, diz Edlene.
Ela também destaca o papel do acolhimento para colaboradores que enfrentam dificuldades pessoais ou de trabalho com falta de foco e ansiedade. Eles podem apresentar suas demandas que impactam no cotidiano e elas são debatidas. “Um exemplo bacana disso foi quando, no ano passado, percebemos a existência de dificuldade de concentração, para dormir, muita ansiedade. Então, foi montado um ciclo de palestras com pessoal do NAP para que fossem trabalhados esses temas em turmas e abordadas dicas práticas para melhorar essas questões, buscando qualidade de vida, porque não existe mais como dividir vida pessoal e profissional, a gente é um ser único e nossa vida é uma só”, completa a gerente.
