SALA DA TEACHER DAIA: Recomeçar é não desistir de si mesmo

Por Daiana Souza*

Eu queria começar este texto de fim de ano um pouco diferente. Talvez com um balanço do ano, uma retrospectiva de 2021 que, como 2020, foi muito desafiador. Pensei em vários fatos para juntar em uma linha do tempo, mas não teve nada como a história que vem a seguir, que mexeu tanto comigo e com meus familiares. Poucos dias antes do Natal, maus bocados. Minha mãe foi internada no hospital, por causa de diversos problemas de saúde.

Ela é uma pessoa maravilhosa com todos em sua volta, mas negligente ao cuidar de si, como muitos pais e mães que conhecemos. Pagou - e ainda paga - um alto preço por ter alimentado tantos maus hábitos ao longo de anos. Durante alguns dias ela esteve hospitalizada, sob o cuidado de médicos e enfermeiras, que ajudaram muito em sua recuperação. Se nossa família planejava um Natal festivo e com troca de presentes, de repente nos víamos apenas orando para que mamãe ficasse bem e que pudesse voltar para casa logo. Hoje, somos gratos pelo presente de Natal: a recuperação de minha mãe e uma nova perspectiva para o futuro, com uma vida que poderia (finalmente) ser vivida de outra maneira.

Dispensando os eventuais clichês de fim de ano, comecei a pensar muito sobre o recomeço. Todos nós terminamos o ano com uma expectativa enorme na virada, acenando a possibilidade de novos ares e novas chances de colocar em prática o que não conseguimos no ano anterior. É sempre assim, para todo mundo. Fazemos listas que ficam fechadas durante o ano, para depois reclamar do que não conseguimos fazer - e que, prometemos, será feito ano que vem. A dieta, a viagem, o check up no médico.

Nós não conseguimos fazer nada disso porque simplesmente não tomamos a decisão de fazer. E não fazemos quase nada, ou nada mesmo do que escrevemos naquela listinha. Porém, sempre esperamos uma chance de recomeçar. No hospital com minha mãe, tive que mudar minha forma de pensar sobre o recomeço. Não dependia da virada do ano, nem de lista nenhuma. Como eu acredito no poder de nosso pensamento diante de um problema de saúde (mas de qualquer outro problema, na verdade), vi que a minha mãe só melhoraria se ela decidisse recomeçar, naquele “agora”. Ela precisava acreditar que sairia daquela situação, pois haviam duas possibilidades: desistir ou seguir em frente.

E ela se deu mais uma chance, pensando em tudo que ainda gostaria de viver ao lado da família. Se minha mãe decidisse não recomeçar, provavelmente ela nem estaria mais aqui. Talvez tenha sido um processo inconsciente, não tenho certeza. Mas ao vê-la hoje, se recuperando dia após dia, retomando suas atividades normais, percebo que ela está aproveitando seu recomeço. São novos dias, combatendo os maus hábitos e vencendo pequenos grandes desafios.

E com esse meu relato eu desejo a você Boas Festas, com energia para recomeçar a sua vida sempre que for necessário. Recomeçar ao lado de alguém novo, ou ao lado de quem acompanha você faz tanto tempo; recomeçar a vida em uma nova carreira, executando novas atividades. Não tenha vergonha e nem receio de recomeçar. Pode até ter medo, mas não deixe que isso o impeça de planejar uma vida melhor para você. E aja. Execute. Faça. Mas não faça na virada do ano. E nem amanhã. Decida recomeçar agora, pois o presente é tudo que temos. Quem desiste de recomeçar, desistiu da vida.

*Publicitária e professora de inglês. Daiana Souza escreve quinzenalmente neste espaço. Tem alguma dúvida, comentário ou sugestão a respeito do tema? Utilize os espaços abaixo para comentários