QUINO: UM REVOLUCIONÁRIO SEM ARMASProfessor de Literatura analisa a obra do cartunista argentino, criador da intensa Mafalda, que faleceu esta semanaEsta semana o mundo da arte e da cultura ficou um pouco mais triste com a perda do cartunista argentino Quino. Você conhece, já passou por seus olhos em alguma tira de jornal, ou na capa de algum livro na vitrine da livraria: a pequena e intensa Mafalda. Quino faleceu em 30 de setembro, encantou nações, em todo o mundo, com a criação de uma menina conhecida por enxergar a humanidade melhor do que os adultos. Sua trajetória iniciou em 29 de setembro de 1964, nas páginas da revista argentina Primeira Plana. Por falar em reflexão, foi, justamente por meio da Mafalda, que o professor levou seus alunos a analisarem a relevância de pensar no outro, na diversidade e no mundo, de modo geral, despertando a consciência de valorizar o próximo. Para Brandão, Quino foi magistral ao produzir uma obra em um período marcado pela Guerra Fria, pelas ditaduras, de modo especial na América Latina, e por tantas incertezas do que estaria por vir, provocando uma grande reflexão a respeito de tudo isso. “Trata-se de um ser humano belíssimo que soube traduzir os anseios da humanidade em palavras e imagens”, ressalta Brandão, que também é diretor do Centro de Estudos Imagéticos CONDES-FOTÓS e pesquisador sobre a influência da imagem na sociedade. De acordo com o diretor, poucas pessoas têm o poder de concisão em relação às palavras. “Um exemplo é quem escreve poesia, como o Haikai, estrutura poética japonesa composta por três versos. Para escrevê-lo, é necessário ter uma excelente capacidade de concisão. Quino, por sua vez, não escrevia Haikai, mas conseguia alinhar, em linhas simples, palavras extremamente fortes e ácidas que servem para nós, nos dias de hoje”, considera. Publicidade Publicidade |