PRESSÃO ALTA X COVID-19: VEJA POR QUE O RISCO É AINDA MAIOR NESTA RELAÇÃO

Pacientes com pressão arterial elevada têm um risco duas vezes maior de apresentar formas mais graves da Covid-19

A hipertensão arterial é uma das doenças mais prevalentes entre os brasileiros e uma das principais causas de morte no Brasil. Neste momento de pandemia, os cuidados devem ser redobrados, pois a doença torna-se mais um importante risco para os pacientes portadores de doenças cardiovasculares. 

A afirmação vem do cardiologista e neurologista Celso Amodeo, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), que fala ao Temas Preferidos sobre a relação da hipertensão com a Covid-19 e os riscos que ela impõe. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, até o dia 8 de maio, das 8.233 mortes registradas no país em decorrência da Covid-19, 41,6% das vítimas eram portadoras de doenças cardiovasculares.

Popularmente conhecida como "pressão alta", a hipertensão é uma doença crônica degenerativa, não transmissível que é identificada por meio da medida da pressão arterial expressa em milímetros de mercúrio. "Temos a pressão sistólica também chamada de máxima e a pressão diastólica chamada de mínima. A partir de 110 mmHg de pressão máxima por 75 mmHg de pressão mínima existe uma relação direta com o aumento dessas pressões e o risco de um infarto do miocárdio (ataque cardíaco) e acidente vascular cerebral (derrame). Essa relação com o risco se torna muito forte quando a pressão passa de 140/90 mmHg. Devido a isso se convencionou chamar de hipertensão arterial quando essas medidas estão acima de 140/90 mmHg", explica Amodeo.

O médico diz que depois da avaliação inicial, sempre feita em consultório - daí a importância de manter exames e check ups em dia - o paciente recebe avaliação dos chamados órgãos-alvo alvo (coração, cérebro, rins e vasos) e identificar outros fatores de risco cardiovascular além da hipertensão (colesterol e glicemia, dentre outros). "De posse da medida da pressão arterial mais a avalição dos órgãos-alvo e dos outros fatores de risco se faz a avalição do risco cardiovascular do paciente que é uma estimativa desse paciente apresentar um infarto ou um derrame em 10 anos", alerta o cardiologista.

Mas, o que causa a pressão alta? De acordo com o médico, na maioria dos casos ela se origina em muitos fatores, associada ai que se chama de fatores de risco modificáveis e não modificáveis. Alimentação inadequada, sedentarismo, fumo, consumo excessivo de álcool, estresse, sono irregylar, glicemia elevada, colesterol e/ou triglicérides elevados, sobrepeso e obesidade são fatores de risco modificáveis. São reconhecidos como fatores não modificáveis para hipertensão arterial, sexo, etnia (estudos comprovam que as populações afrodescendentes e asiática estão mais sujeitas à doença) e história familiar, já que a doença tem características genéticas, por isso é importante informar o médico sobre casos na família, especialmente por ascendência direta, como pai e mãe.

E o risco da Covid-19? Por causa da prevalência das doenças cardiovasculares entre a população mundial e pelo caráter pandêmico do novo coronavírus, os hipertensos com envolvimento cardíaco (como espessamento do músculo do coração chamada hipertrofia e ritmo cardíaco irregular) estão sob maior risco devido ao fato desse vírus poder produzir uma inflamação no músculo do coração que já está comprometido pela hipertensão.

No cardiopata, a infecção por SARS-CoV-2 tem taxa de letalidade de até 10,5% nos portadores de comorbidades associadas a essas doenças, segundo Amodeo. Relatórios da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde informam que os hipertensos estão entre os principais alvos de complicações pela infecção de Covid-19, aumentando o risco de morte em 7,5%. "Pacientes com pressão arterial elevada têm um risco duas vezes maior de apresentar formas mais graves da Covid-19 em comparação com pacientes sem pressão alta, de acordo com a nova pesquisa publicada no início de junho no periódico European Heart Journal", cita o cardiologista.

Os pacientes hipertensos fazem uso de medicação contínua. Se, porventura, um paciente com hipertensão arterial contrair a infeção pelo novo coronavírus, ele deve continuar tomando os medicamentos que utiliza para o tratamento da doença. "Só deve fazer modificação com orientação do seu médico", assinala o vice-presidente da SBC.

Por isso, neste momento de crise de saúde pública, acrescenta, é muito importante informar aos pacientes cardiopatas, inclusive os hipertensos, sobre os riscos que correm ao se contaminarem com o coronavírus, e a necessidade de se cuidarem e se protegerem é ainda maior, praticando o isolamento social, seguindo seus tratamentos específicos, fazendo o uso regular dos seus medicamentos conforme prescrição médica. 
"Se não for possível e precisar sair de casa, os hipertensos, assim como toda população devem fazer uso de máscara. As de tecido são capazes de impedir que partículas maiores de secreções (saliva, por exemplo) contaminadas cheguem até o nariz e a boca", orienta Amodeo. 

É recomendável também manter uma distância de 1,5 m a 2 m para outras pessoas e evitar conversar. Lavar as mãos com água e sabão ou usar álcool em gel assim que chegar em casa. E em caso de surgimento de sintomas de contaminação pelo novo coronavírus, os pacientes com doenças cardiovasculares devem buscar precocemente assistência médica.