Alguns dos setores mais impactados pela pandemia do novo coronavírus no Brasil são os culturais e criativos. Por causa disso e em função das medidas restritivas e de proteção, alternativas começam a surgir a fim de manter o funcionamento destas áreas e tudo o que depende delas. Pensando no cenário gaúcho, mais especificamente, a Universidade Feevale vem fazendo um mapeamento destas atividades por meio de pesquisa que reúne informações acerca do trabalho em setores de consumo digital e criativo dos gaúchos durante a pandemia.
A ação é do Mestrado Profissional em Indústria Criativa da Universidade Feevale desde junho, coordenada pelos professores Cristiano Max Pereira Pinheiro, Vanessa Valiati e Maurício Barth.
O estudo, chamado Covid-19 e Os Impacrtos na Indústria Criativa do Rio Grande do Sul, tem cerca de 430 respondentes e já apresenta resultados preliminares que podem ser avaliados como uma tendência. Os participantes da pesquisas foram distribuídos em 11 setores criativos, incluindo o consumo em plataforma digitais. Alguns resultados já podem ser conferidos, entre os destaques, confira, de acordo com cada área:
Música
- A fonte de renda dos profissionais da música migrou dos shows e eventos para a área de educação (aulas particulares /on-line).
Moda
- A moda está se adaptando ao novo mercado: a maioria das empresas também está produzindo EPIs para hospitais e comunidade.
Consumo
- Durante a pandemia, houve um aumento do consumo de conteúdo em plataformas de streaming (65,5% dos respondentes afirma que o consumo aumentou se comparado a antes da pandemia), bem como o interesse por lives (77% dos entrevistados afirmaram que o interesse por esse tipo de conteúdo aumentou)
- Há um novo "horário nobre" estabelecido pelo consumo de streaming: a maioria (62,4%) dos entrevistados diz preferir assistir a conteúdos via streaming entre 19h e 23h, incluindo as lives
- Os principais fatores que os fazem desistir de assistir a uma live são, de acordo com os entrevistados: problemas na conexão, muito tempo de duração e o comportamento inadequado do apresentador/artista.
Segundo a professora Vanessa Valiati, esses resultados mostram algumas modificações que podem auxiliar na construção de novas soluções para a produção e o consumo de conteúdo. "Entre essas soluções, podemos destacar: a consolidação das formas remotas de trabalho; a reinvenção de produtos, hábitos e comportamentos de consumo de conteúdo em ambiente digital; o crescimento e a maior aceitação do e-commerce, entre outros", destaca.
Estudo continua
O mapeamento Covid-19 e os impactos na Indústria Criativa do Rio Grande do Sul considera as especificidades de cada área criativa, propondo um levantamento regional com formulários técnicos e individuais para cada setor.
Para o coordenador do mestrado em Indústria Criativa da Feevale, Cristiano Max Pereira Pinheiro, a pesquisa busca orientar a proposição de políticas públicas e soluções para os setores afetados pelo vírus. "A partir desse mapeamento, compreenderemos de qual maneira podemos auxiliar esses modelos de negócio atingidos. É importante relacionarmos as políticas públicas com a necessidade de cada setor", afirma.
Além de avaliar a produção da indústria criativa neste período, a pesquisa também busca analisar o consumo de conteúdos digitais dos gaúchos no isolamento social. Para isso, é distribuído um questionário dividido entre as áreas de audiovisual, música e jogos digitais.
Esse segmento da pesquisa conta com o auxílio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs/RS), por meio de edital de fomento de auxílio a recém-doutores. O projeto conta, também, com o apoio do governo estadual, por meio do programa RS Criativo e da Secretaria da Cultura do Estado. A pesquisa ainda está em andamento, e o questionário, bem como outras informações, podem ser acessados aqui.