OFICINA DE ESCRITA CRIATIVA CONVIDA A UMA DELICIOSA VIAGEM

Jornalista Ana Holanda ministra workshop em Porto Alegre e chama a atenção para o poder transformador da comunicação através do ato de escrever

O poder da escrita. Há quem pense que escrever, e escrever bem, se limita a escritores profissionais, jornalistas e afins. Mero engano. A escrita é uma das ferramentas mais poderosas à disposição da nossa evolução. Para facilitar essa descoberta, a jornalista Ana Holanda levará seu workshop Escrita Criativa e Afetuosa a Porto Alegre, em 17 de setembro. Nessa entrevista exclusiva ao Temas Preferidos, ela explica como a escrita pode ajudar a transformar nossa existência em uma deliciosa caminhada. Ana, que é editora da Revista Vida Simples, tem 20 anos de experiência no jornalismo e já passou pelas redações de importantes publicações do Brasil. “Eu tenho aprendido muito com esse curso. Eu sempre fui apaixonada pela escrita, mas nunca imaginei como ela poderia ter um papel tão transformador na vida do outro. Pode parecer presunçoso dizer isso, mas o curso é de fato transformador. Uma vez, uma aluna me disse que era um ‘divisor de águas na vida’. Acho que isso acontece porque o curso é um mergulho não só na escrita, mas na gente mesmo. E não poderia ser diferente”, convida Ana.

Temas Preferidos - Como surgiu a ideia, oportunidade, de ministrar esse workshop? Por que esse nome, Escrita Criativa e Afetuosa?

Ana Holanda - A primeira vez que falei sobre a escrita afetuosa ou afetiva, foi no ano passado, durante um festival de ideias que acontece em São Paulo, chamado Path. O tema agradou muita gente e daí me perguntei “por que não espalhar isso por aí”? Já passei por muitas cidades brasileiras e agora Porto Alegre. Mas, ainda esse ano, sigo para Recife e Brasília. É um dia inteiro de mergulho nos processos de escrita, mas não uma escrita qualquer. Falo sobre aquela que toca, conversa verdadeiramente com o leitor, afeta (daí o termo escrita afetuosa). Ela não precisa ser sensível, como sugere o nome. É aquele texto que você lê e tem a sensação de que as palavras foram feitas sob medida para o seu momento de vida ou que te marcam de tal maneira que é impossível esquecer.

TP -  A quem ele é dirigido? Somente a pessoas que escrevem profissionalmente?

AH - A qualquer pessoa que veja na escrita uma ferramenta importante de expressão ou de conexão. Tem gente que faz meu curso porque quer aprimorar a escrita no ambiente de trabalho. Tem jornalista, gente que atua com comunicação interna, recursos humanos, advogado, psicólogo, médico, dentista, gente da área de tecnologia, engenheiro, empreendedor, aspirante a escritor e gente que quer fazer as pazes com as palavras. Na minha última turma, por exemplo, havia uma senhora sentada no fundo da sala e, durante um exercício de escrita, quando me aproximei, ela me revelou que estava ali para conseguir escrever ou se soltar na escrita. O motivo? Ela quer escrever cartas para o filho e assim deixar seu legado em forma de palavras. Enfim, cada um aparece por um motivo diferente, mas todos têm em comum a escrita como um caminho.

TP - O que a escrita significa pessoalmente para você?

AH - Um reflexo da alma. Não consigo dissociar a pessoa que somos com a maneira como escrevemos. É basicamente “a gente é aquilo que escreve ou a maneira como escreve”. É pela escrita que a gente conversa com o mundo, se expressa, olha, percebe, ama.

TP -  O que o workshop abrange, ou seja, que tipo de escrita, a corporativa, no local de trabalho, os emails entre amigos ou as postagens diárias em redes sociais?

AH - Abrange tudo, porque fala sobre escrever. Em um primeiro bloco, abordo o olhar em relação a escrita (mais visceral, mais cheio de você mesmo), depois entro nos processos de escrita propriamente dito (como encontrar as boas histórias e como transformar isso em uma narrativa, um texto). Dou muitos exemplos de erros que a gente comete no texto e não percebe; quando a  gente se perde nos próprios pensamentos e nem se dá conta. E falo sobre os textos duros, descartáveis, que não conversam com ninguém e poderiam ter sido feitos por um robô. E faço alguns exercícios de escrita rápidos. Uma vez, um aluno me disse que o curso não mudaria apenas a maneira como ele escreve, mas como conversa. Outra aluna, jornalista que trabalha na imprensa diária e noticiosa, disse que eu resgatei a paixão dela por escrever. Teve uma empresária que alterou o material de comunicação e a forma de apresentar a empresa depois do curso.

TP - O que essas plataformas ou locais têm em comum quando se trata de escrever?

AH - Hoje as pessoas ficam com receio de escrever textos de fôlego, grandes, porque dizem que na internet tudo é rápido. E tem gente que até avisa “lá vem textão”. Acho que nada disso faz sentido. Independentemente da plataforma, o que importa não é o tamanho do texto, não é o caminho (facebook, blog, instagram), mas a maneira como você escreve. Quando você envolve o outro, estabelece uma conexão. A escrita é como uma conversa. Sabe aquele papo gostoso, cheio de informação interessante, conversa saborosa, que faz com que você nem sinta o tempo passar? O texto bem escrito, visceral, é isso. É isso que chamo de escrita afetuosa. É sobre ela que falo no meu curso.

TP - Você fala sobre a necessidade da simplicidade. Você acredita que isso se perdeu ao longo do tempo, ou ainda, que as pessoas desprezam a simplicidade na comunicaçao por acharem que poderão ser ignoradas?

AH - Sim. As pessoas não sabem mais sequer onde encontrar as boas histórias. Elas acreditam que as boas histórias estão sempre no extraordinário (numa viagem ao redor do mundo, numa trilha de autoconhecimento). Só que todos os dias um monte de histórias incríveis surgem na sua frente sem que você se dê conta disso. As cenas do cotidiano são tão ricas e a gente deixa passar como algo banal. Um dos textos que mais me tocaram foi de uma aluna que escreveu sobre a época da colheita de laranjas da sua cidade. Você era capaz de sentir os aromas enquanto lia. Era realmente incrível. De novo, as histórias mais incríveis estão na beleza do cotidiano, na vida que a gente leva todo dia. E isso é simplicidade genuína.

TP - Como você relaciona a escrita com a leitura? Uma ajuda a outra? Por quê?

AH - Gosto muito ler e acho que a leitura é um ótimo caminho para que você encontre a sua própria maneira de escrever. De novo, eu sempre encaro os livros como uma boa conversa. E a gente sempre aprende algo novo, especial, tocante, interessante, quando o papo é bom. Alguns livros me ensinaram demais sobre quem eu sou, me fizeram vasculhar meus cantos obscuros, reduzir meu medo, colorir minha vida. E tudo isso é essencial para a escrita.

TP - Onde será o workshop, como se inscrever? Até quando as inscrições podemser feitas?

Será dia 17 de setembro, sábado, das 10h as 19h, no Cazamata (rua Mata Bacelar, 50, Auxiliadora). As vagas são limitadas, então sugiro não deixar para se inscrever na última hora (no último curso, muita gente não conseguiu se inscrever porque as vagas se esgotaram. Eu fico feliz de ver todo o sucesso do curso e interesse nas pessoas no tema, mas fico chateada porque gostaria de poder atender a todos). As inscrições são feitas por este link http://www.coolhow.com.br/cursos/simples-escrita-criativa-afetuosa-porto-alegre