O TRABALHO E A CRISE: COMO SE EQUILIBRAR NESSA CORDA?
Psicopedagoga organizacional Aline De Negri explica como contornar o contexto do fantasma do desemprego em tempos de estruturas modificadas e postos de trabalho reduzidosO País vive uma época de incertezas no âmbito econômico e político. Por conta disso, cada vez mais empresas precisam mexer em suas estruturas como forma de sobrevivência. E mexer em suas estruturas pode significar redução de pessoal, demissões. Mas, como levar a vida profissional, e tudo o que ela implica, adiante com ânimo e sem se deixar abater pela tristeza ou estado depressivo depois de ser demitido ou como evitar a demissão? Como buscar uma colocação no mercado de trabalho diante da crise? Conversamos com a psicóloga Aline De Negri Silva, ela é psicopedagoga organizacional e em sua rotina de trabalho tem se deparado com essas questões. Aline recruta profissionais por meio da Contratys Consultoria, com sede em Novo Hamburgo (RS). Vale a leitura das dicas de quem vivencia um problema cada vez mais comum e aplica seus conhecimentos para ajudar as pessoas. Temas Preferidos - Em tempos de crise econômica, vemos muitas empresas enxugando equipes. O que fazer diante do medo de ser demitido? Como se comportar para manter o emprego? Como manter o equilíbrio e o foco nas atividades? Aline De Negri - Em tempos de crise é natural ocorrerem cortes econômicos em todos os segmentos, inclusive em equipes de trabalho ou com setores de recursos humanos. A empresa que precisa do funcionário e o mesmo é bom, tem medo de perder o bom profissional. Já o profissional que não é tão bem qualificado, ou que não cumpre com suas obrigações mínimas necessárias é o que mais teme a perda do emprego ou oportunidade de trabalho. O colaborador tem que entender que em tempos de recessão econômica será necessário alguns enxugamentos e deverão optar por auxiliar no controle de despesas desnecessárias ou investimentos desnecessários para esse período. Manter a calma e continuar focado nas suas funções é fundamental e estar qualificado para as funções, aprender tudo sobre suas funções, desempenhar um bom papel como funcionário, cumprir horários de trabalho e ser pontual é o mínimo. O diferencial está na forma de tratamento com a equipe de colegas e colaboradores em geral e desempenho, e o destaque eu diria que está na formação de cada um e o como cada um coloca o seu conhecimento em benefício da empresa. TP - De que maneira o colaborador pode mostrar que está à disposição para aprender mais e ser mais pro-ativo, sem parecer “puxa-saco” ou passar a impressão de que isso é só fruto do medo? Aline - Enxergar as reais necessidades de mercado da empresa e trabalhar em prol de resultados para a mesma. Quem "puxa saco" geralmente "puxa tapete"!!! E esse é o tipo de profissional que as empresas realmente não querem, elogios sinceros e atitudes sinceras na hora de trabalhar sempre rendem bons frutos, sem enganação é necessário chegar a empresa enxergar o seu real papel e colocar as suas capacidades em prol da empresa em benefícios de retornos para empresa como consequência terá bom sucesso na sua carreira, que virá ao natural. TP - E como não ser vítima do abuso por parte do empregador, ou seja, o chefe pode perceber que o funcionário está com medo de ser demitido e acaba sobrecarregando-o? Aline - Normalmente um empregador ou empresário tem consciência de quantas atividades o funcionário pode dar conta, é muito difícil isso acontecer. Em empresas que não têm um bom RH ou empresários que não têm todas as informações para controle de equipe isso pode ocorrer. Por vezes, se o funcionário estiver se sentindo sobrecarregado ou com excesso de funções é necessário que tente colocar isso por meio de diálogo claro e franco e ponderando em que pontos há excesso de atividades buscando minimizar o risco de estresse laboral. Todo funcionário que consegue fazer essa previsão e justificar de forma plausível para seu empregador terá um bom respaldo em situações desse tipo mesmo em tempos de crise. TP - E, no caso da demissão, depois que a pessoa foi dispensada, o que acontece quando se começa a perder a autoestima? Aline - Nem todas as pessoas que são demitidas necessariamente perdem a autoestima, boa parte das pessoas tem boas capacidades de resiliência frente a situações difíceis até mesmo como o desemprego. No entanto, algumas pessoas podem passar por episódios de tristeza dita normal para a situação. Já outras, sim podem ter problemas com questões de autoestima, mas para isso ocorrer geralmente a pessoa que passa pela situação pode estar muitos meses desempregada, ou em situações de endividamento ou ainda apresentar predisposição a sintomas relacionados a depressão que favorece a perda de autoestima. Aí é necessário buscar auxílio. A família pode ser uma boa fonte de apoio afetivo ou financeiro ou ainda pode auxiliar para encaminhamento a um profissional da área de saúde mental em casos mais extremos. TP - Como reconquistar o mercado de trabalho para se recolocar? Aline - Qualificar-se e estar preparado para diversos desafios, seja a profissão que for. Hoje em dia, existem diversos cursos gratuitos inclusive oferecidos pelo governo. E para quem não terminou o ensino fundamental ou médio em tempo certo, existe a possibilidade de qualificar-se com projetos Educação de Jovens Adultos (EJA) em turno oposto ao turno de trabalho também via educação pública, só não se qualifica quem não quer opções existem! Profissionais polivalentes pró ativos e com senso prático são os mais requisitados. Não se pode restringir atividades ou tarefas relacionadas à sua profissão ou ficar sendo seletivo nas funções. Certa vez, entrevistei uma profissional para área de serviços gerais de baixa escolaridade que tabelou seus serviços como diarista prestadora de serviços. Por exemplo, se necessitasse cozinhar o valor era um, se necessitasse passar roupas o valor era outro, limpar janelas e vidros outro valor. Seja qual for a função a se exercer, existem certas obrigações e funções que já estão ligadas à profissão ou cargo a ser exercido se o candidato tabelar todas as suas tarefas há um grande risco de ficar sem lugar para onde se colocar ou encaixar em tempos de crise. Observar a situação financeira do mercado atual, se existe menos dinheiro circulando as pessoas irão optar por funcionários mais qualificados e com menores pretensões salariais. Ao sair de uma empresa depois de 5 ou 10 anos trabalhados deve-se observar que houve todo um processo de construção curricular e ascendência de cargo na empresa para o candidato. Ao retomar o mercado de trabalho o valor de remuneração nem sempre será o mesmo, infelizmente! Principalmente em tempos de crise e com aumentos de cargas tributárias para o empreendedor contratante. TP - Qual a importância das redes sociais na busca por emprego? Aline - Em redes sociais, blogs e demais instrumentos, há a possibilidade das pessoas procurarem ajuda para captação de vagas de forma gratuita. Basta ter acesso à internet que é possível até em órgãos públicos como bibliotecas públicas. Na Contratys , as redes sociais são um dos instrumentos pelos quais temos divulgado diversas oportunidades de trabalho para a região. Conseguimos recolocações para profissionais realmente qualificados para as oportunidades, chegamos a criar um blog para a empresa além de um grupo só para vagas destinadas ao RS, estado em que atuamos mas com sede em NH para realização dos processos seletivos pessoalmente. Publicidade Publicidade |