O QUE FAÇO SE A MAIORIA NÃO ESTÁ “NEM AÍ”?
Se a tecnologia mandar na nossa vida, onde fica a nossa capacidade de reação? Onde ficam nossas escolhas? Onde eu fico?Por César Silva* A pergunta foi feita para sua mãe logo no café da manhã. Laura estava motivada e disposta a desvendar os segredos que faziam dela o que ela é. As perguntas e estímulos de sua família faziam com que aquela vontade "de dentro", que ela não sabia bem o que seria, despertasse a curiosidade e a busca por mais informações de si. Era como um súbito desejo incontido que permanecia! Independente do dia! Seu pensamento começava a procurar identificação dentre os seus colegas e não conseguia encontrar. O desejo incontido de achar um "semelhante" fazia com que ela se perguntasse se não estaria fora da realidade. - Estou? Sua mente pairava entre a realidade e a imaginação. Na conversa com os colegas, ela estimulava os assuntos relacionados a sua busca e só recebia negativas. Parecia que ninguém se interessava. Resolveu ir além de seus colegas! Começou a participar de grupos da escola que estimulavam a pesquisa e a descoberta. Ela não gostou do que viu e escutou. Aqueles problemas pareciam muito fáceis de serem resolvidos. Todos falavam em tecnologia, startup e pesquisas sobre o que já existia. Ela não conseguia perceber algo realmente novo nesses grupos. Parecia que a sua motivação era maior do que a dos outros. A sua sede era insaciável. Seus olhos brilhavam no simples pensar e em como não conhecia bem a sua realidade pessoal. Não era aquela arrogância dos que acreditam ser mais do que são. E sim uma consideração própria: tenho muito a aprender e pouco tempo. Ela pensava: - Estou ansiosa em resolver a minha ignorância! Ao mesmo tempo, sabia que a ignorância não seria resolvida nunca. Essa a mágica que a consumia positivamente! A eterna descoberta. O eterno aprendizado. Quando conversava com sua mãe, percebia que ela não tinha todas as respostas. Mas ela sabia fazer boas perguntas. Os desafios propostos eram como água fervendo nos pés: provocavam o movimento..... As questões em sua mente se multiplicavam ao extremo. Ela vislumbrava um caminho que amava: estudar, pesquisar, analisar, refletir, solucionar. Se perguntava como poderia "dar conta" de tantos desafios e, também, que tinha força, dedicação, energia e uma vida de descobertas. Mas ainda não entendia, apesar de aceitar: era só ela? A sua observação "dos outros" foi aumentando na mesma proporção da sua própria. Ela prestava atenção nas palavras, nos gestos, nas expressões. Fazia perguntas das mais simples até as mais complicadas. E não recebia o retorno que desejava. Parecia que ninguém estava nem aí para o que acontecia no mundo! Criou até uma expressão: cavalinhos de robôs. E disse para sua mãe: - Parece que está cheio de cavalinhos de robôs na escola, mãe! - O que é isso, filha? - São meus colegas que não sabem o que está acontecendo no mundo. Eles fazem tudo o que os robôs mandam! - Tem robô na escola, Laura? - Ai, mãe! Não se faz de boba! - Não entendi! - Todos os sites, aplicativos e dispositivos têm inteligência artificial. Os algoritmos analisam o que fazemos e nos sugestionam o que devemos fazer. É um robô virtual. - E o que há de errado com isso, Laura? - Tudo! Fico brava só de pensar! - Calma, calma... - Estou calma, mãe! Mas não me conformo! Como pode isso? - Explica para mim! - Se a tecnologia mandar na nossa vida, onde fica a nossa capacidade de reação? Onde ficam nossas escolhas? Onde eu fico? Não gosto de terceirizar as minhas escolhas para ninguém! - Continua, filha! - Ninguém se deu conta que o mundo está assim? Parece que somos os cavalinhos dos robôs, que nos usam conforme o interesse de quem os programou. Não sou mandada por ninguém! - Filha, você não está exagerando? - Está falando como os meus colegas, mãe! - Não, filha! Me referi a respeitar a opinião dos outros. Será que todos devem pensar como você pensa? - Não é isso, mãe! Como as pessoas não percebem o que está acontecendo? - O que está acontecendo Laura? - Todos serão comandados por robôs e por preguiça não reagem! Aceitam tudo! Por mais complicado e ruim que seja!! É como se ninguém soubesse o que quer? - E você sabe? - É o que me motiva mãe! Não sossego enquanto não descobrir quem sou de verdade! Pode me ajudar mãe! Quem eu sou? - Quem você quer ser, filha? - Ainda não sei!! Mas vou saber! - Esse já é um bom começo.... *César Silva é Escritor, Empreendedor e Mentor de Negócios. Autor do e-book Inspirando Rumos - Histórias, Editora Temas Preferidos.
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