Por Bruna Monteiro/Especial para o portal Temas Preferidos
Os anos de 2024 e 2025 ficarão marcados para sempre na história do audiovisual brasileiro. Antes mesmo do Oscar, foram meses de holofotes voltados para a nossa gente, para o nosso cinema. Tapetes vermelhos, prêmios internacionais, encontros dos nossos protagonistas Fernanda Torres, Selton Mello e Walter Salles com outras grandes estrelas. Foi um verdadeiro encontro entre dois mundos: o cinema internacional, com sua força global e apelo comercial, e o nosso — enraizado em nossa terra, nossa cultura e, acima de tudo, em nossas histórias.
E depois de tantas vitórias, o momento de ouro: o Oscar de Melhor Filme Internacional para Ainda Estou Aqui. Uma virada de chave para quem ainda acredita que nossas produções têm pouco valor quando comparadas ao que é feito lá fora.
Agora, poucos meses depois, os holofotes mais uma vez se voltam para o Brasil. O Agente Secreto, dirigido pelo aclamado Kleber Mendonça Filho — nome por trás de Bacurau, Aquarius, O Som ao Redor e Retratos Fantasmas — já desponta como mais um grande sucesso em sua carreira.
A trama também se passa durante a ditadura militar brasileira, mas mistura elementos de suspense e drama. Wagner Moura interpreta um especialista em tecnologia no final da década de 1970, que retorna à sua cidade natal após vários anos e percebe a extrema vigilância que assola a população. Ao começar a investigar, acaba se envolvendo em uma rede de espionagem e conspirações.

Como é característico do diretor, a obra traz a crítica social e o cenário político como pano de fundo, mas também apresenta uma narrativa envolvente e bem construída. As primeiras críticas já são bastante elogiosas. O filme foi exibido no Festival de Cannes, realizado entre 13 e 24 de maio, que também apresentou outros títulos de peso, como Eddington (de Ari Aster) e O Esquema Fenício (de Wes Anderson).
O Agente Secreto levou para casa o Prêmio de Melhor Diretor, para Kleber Mendonça Filho, e o Prêmio de Melhor Ator para Wagner Moura. Um começo promissor para o circuito internacional que o filme poderá trilhar, com grandes chances de exibição em outros festivais ao redor do mundo.
O suspense político já tem distribuição confirmada em diversos mercados internacionais, incluindo América Latina, Estados Unidos, Índia, Reino Unido e Irlanda. A primeira empresa a adquirir os direitos do longa foi a norte-americana Neon, reconhecida por seu histórico de sucessos como Parasita, Anatomia de uma Queda e Anora — todos premiados com a Palma de Ouro em Cannes, sendo que dois deles também conquistaram o Oscar.
Diferentemente de Ainda Estou Aqui — que conta com artistas incríveis e extremamente talentosos, mas ainda pouco conhecidos fora do Brasil — O Agente Secreto tem potencial para alcançar ainda mais reconhecimento internacional com Wagner Moura no papel principal. Nos últimos anos, o ator vem consolidando seu nome em produções estrangeiras, em filmes como Guerra Civil e séries como Narcos, Sr. e Sra. Smith e Ladrões de Drogas. Seu nome, seu rosto e seu sotaque começam a se destacar, funcionando como um atrativo para o público global.
A estreia oficial de O Agente Secreto foi confirmada pelo próprio diretor em suas redes sociais: acontecerá em Recife, sua terra natal e também cenário do longa. No entanto, a data exata ainda não foi anunciada.
O sentimento que fica é de orgulho ao ver o nosso audiovisual seguir em crescimento, em evidência e recebendo o reconhecimento merecido. Que movimentos como o de Ainda Estou Aqui e o de O Agente Secreto se tornem cada vez mais frequentes — e que nossas histórias, nosso povo e nossa cultura continuem conquistando o respeito, o carinho e o reconhecimento que merecem no cenário internacional.