NA LUTA CONTRA A OBESIDADE, TRATAMENTOS SÃO ALIADOS ANTES DA OPÇÃO POR INTERVENÇÃO CIRÚRGICA
Especialista fala sobre orientações médicas e tratamentos multidisciplinares na busca pela redução de peso de forma saudávelÉ fato que as inúmeras ofertas de remédios milagrosos atrapalham o tratamento e até mesmo a esperança de quem luta contra o excesso de peso. Mas também é verdade que existem tratamentos não-cirúrgicos que favorecem o emagrecimento saudável, com orientação, acompanhamento e revisão médica, embora há quem acredite que a cirurgia é a forma mais fácil e rápida de emagrecer. No entanto, cabe ao médico explicar que isso não é verdade. E quem explica é o médico cirurgião Fábio Strauss, que vive essa rotina em seu consultório e é referência em emagrecimento. “A cirurgia bariátrica é um procedimento que deve ser muito bem pensado e planejado, pois impacta em mudanças para a vida toda, envolvendo cuidados com a alimentação, acompanhamento com psicólogo, reposição de vitaminas e uma série de cuidados importantes. Logo, não é fácil, tampouco rápido”, comenta Strauss. As alternativas às intervenções cirúrgicas são tratamentos que ocorrem através de comprimidos que podem ser formulados com hormônios e vitaminas capazes de repor substâncias importantes que o corpo não está produzindo, ou que produz e não consegue absorver pelas dificuldades impostas pelo excesso de peso. “A ausência dessas substâncias podem desacelerar o processo de queima de gordura ou de ganho de massa muscular, muitas vezes acompanhado de desânimo, fraqueza e até mesmo baixa libido”, explica Strauss. Logo, com a reposição, não acontece nenhuma mágica, mas sim um complemento para que o corpo possa passar pela jornada do emagrecimento de forma mais fácil e com resultados mais efetivos. Mas como alerta do Dr. Fábio Strauss, nenhum medicamento substitui a reeducação alimentar e os exercícios físicos. Mas como entender o limite entre o tratamento com medicamentos e a necessidade de cirurgia? Segundo Strauss, são vários os fatores que devemos levar em consideração. Por critérios técnicos, inclusive por parte dos convênios médicos e seguindo orientações do Ministério da Saúde, a cirurgia bariátrica pode ser realizada em pessoas com o Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 40, ou acima de 35 se tiver duas comorbidades relacionadas à obesidade, como diabetes, hipertensão, triglicerídeos altos, apneia do sono, dores nas articulações, entre outras. Na consulta, é possível avaliar se o paciente tem a indicação para a cirurgia, mesmo dentro destes padrões, levando em consideração informações como o histórico familiar, o tempo de obesidade, os tratamentos já feitos, faixa etária. Um recente estudo coordenado pela Universidade Federal de São Paulo aponta que, em 2030, 68% da população brasileira poderá estar com excesso de peso, número que em 2019 estava em 55,4%. Mas nem todos os casos de excesso de peso podem ser tratados com cirurgias. “Na rotina do consultório, conheço muitos pacientes que desejam e precisam emagrecer para recuperar a qualidade de vida e reduzir problemas sérios de saúde, como a hipertensão, diabetes e dores na coluna, mas não têm indicação para a cirurgia bariátrica. Nesses casos, os tratamentos com medicamentos são grandes aliados”, conta o médico.
Um ponto importante, que não pode ser descartado, é que o tratamento contra obesidade deve ocorrer de maneira multidisciplinar, ou seja, o paciente precisa contar com profissionais da saúde de diferentes áreas, que vão convergir para o objetivo comum. Segundo Strauss, cabe ao médico explicar ao paciente que a obesidade é uma doença crônica. E como em qualquer outra doença crônica, como a pressão alta por exemplo, é preciso tomar medicamentos, cuidar da alimentação, fazer exercícios e ter uma acompanhamento médico regular com o cardiologista, ou a pressão volta a subir. “Para a obesidade, funciona da mesma maneira. Quando o tratamento ou a cirurgia lhe permite chegar ao peso adequado, você deve continuar o acompanhamento multidisciplinar, ou estará correndo grandes riscos de reganho de peso. Os estudos, hoje, mostram que a grande maioria dos pacientes com reganho de peso pós-procedimentos ou tratamentos abandonou o acompanhamento”, completa o médico. Publicidade Publicidade |