MÃE, COMPRAR ISSO PARA QUÊ?

O que, de verdade, podemos dar de presente a quem amamos?

*Por César Silva

Mãe... Comprar isso para quê?

- Para te dar de presente! Laurinha, tá reclamando do quê?

Essa menina não sossega nunca. Esse espírito livre e inteligente faz com que Joana se contorça internamente. Imagina, reclamar para ganhar presente! Em que mundo estamos vivendo!

- Já tenho vários desses em casa mãe. Eles não me servem para muita coisa. Por quê não me dá um presente melhor?

- Qual filha?

- Tempo, mãe! Tempo!

- Mas tempo não se vende filha!

- Não mãe! Tempo a gente escolhe!

- Tá virando filósofa, filha!

- Mãe, presta atenção. Já temos tudo em casa: não falta nada. De que adianta tudo o que temos se não ficamos juntas?

- Gosto de ficar com você e com o pai. Quero esse tempo! Você me dá?

A cabeça de Joana fervilhava com tanta coisa. A sua intenção era das melhores. Mas Laurinha foi melhor! O coração de Joana saltitava de alegria e ao mesmo tempo de espanto: como poderia uma menina de 10 anos pensar de forma tão madura? Qual a criança que não quer um brinquedo?

Laurinha queria mais: amor e intimidade!

- O que você sugere filha?

- Mãe! O presente é seu! Só quero tempo!

- Mas filha, uma viagem custa caro e precisamos de pelo menos 7 dias para ir a um lugar legal e atrativo.

- Mas a pracinha da cidade não é um lugar legal?

A mãe tomou outro susto. Como assim? Pracinha!!!??!! Essa menina estava surtando!!!

- Queremos o melhor para você filha! A pracinha é muito pouco!  

- Mãe! Eu pedi tempo, não pedi luxo!

- Filha: de onde você tira essas coisas?

- Ué mãe! Do que você me disse!

- O que eu te disse filha?

- Você me disse que era muito mais valioso nós estarmos juntos do que qualquer coisa no mundo!

- Sim filha! Eu disse isso!

- Então mãe! Não me importa o lugar, me importa o tempo!

Novamente o coração de Joana palpitava e, ao mesmo tempo, a lógica da menina era ótima. Joana percebeu que precisava refletir mais sobre suas palavras e atos e evoluir mais para acompanhar a filha.

A primeira tarefa de Joana foi perder a cisma de que sua filha estava sempre a desafiando. Seu marido já havia lhe falado sobre isso. Ele já tinha percebido que haviam ensinado a menina a pensar e a desenvolver a autonomia.

Joana percebeu que tinha muito a crescer. Ela tomou uma atitude: resolveu procurar um psicólogo. Seu trabalho era muito bom, mas estava faltando o mais importante: poder acompanhar sua filha.

- Filha: me desculpe! Eu preciso agradecer por você ser assim! Eu que preciso refletir sobre a vida...

- Mãe, vai para um psicólogo! A professora nos ensinou na escola que não é vergonha nenhuma procurar ajuda com alguém que nos auxilia a nos conhecer melhor.

- Filha! Você é dez!

- Eu sei mãe! Sou dez, mas não sou boba! Preciso estudar muito para chegar onde vocês já estão!

- Ai filha! Vem cá me dar um abraço!

As duas se abraçaram e foram tomar sorvete na praça, de mãos dadas e com um sentimento de presente no presente!

*César Silva?é Mentor de Negócios PMBM®, Consultor, Professor, Palestrante e Escritor