LIVES NA PANDEMIA: GAÚCHOS CONSUMIRAM MAIS

Preferência por filmes, séries e documentários também aumentou e a busca por música em plataformas digitais permaneceu a mesma nesse período

O distanciamento social causado pela pandemia de Covid-19 intensificou o consumo de conteúdo digital em todo o Brasil. Com isso, as lives passaram a fazer parte da rotina dos consumidores. Sem reuniões sociais, festas e bares, o encontro virtual tornou-se uma maneira fácil e acessível de acessar novos conteúdos sem sair de casa. Uma pesquisa realizada pela Universidade Feevale aponta que o interesse pelas transmissões ao vivo aumentou 73,9% entre os gaúchos. A maioria dos respondentes afirma ter assistido alguma live durante a quarentena.

O estudo é uma iniciativa de pesquisadores do mestrado em Indústria Criativa da Instituição, que investiga a mudança nos setores criativos e no consumo em plataformas digitais neste período. A pesquisa, coordenada pelos professores Cristiano Max Pereira Pinheiro, Vanessa Valiati e Maurício Barth, conta com o auxílio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs) e do governo estadual, através do programa RS Criativo e da Secretaria de Cultura do Estado. 

Segundo a professora e pesquisadora de consumo digital, Vanessa Valiati, os resultados coletados servirão de base para a mensuração de demanda por produtos específicos no mercado, fornecendo informações para a compreensão do cenário atual. "Os dados levantados revelam que o YouTube, o Instagram e o Facebook figuram entre as plataformas mais acessadas para transmissões ao vivo. Além disso, o horário compreendido entre 19h e 23h é o preferido por 73% dos entrevistados, o que indica a manutenção de um certo 'horário nobre', tal como na programação televisiva mais tradicional", afirma. Entre os conteúdos procurados, música, sociedade e cultura e educação foram os favoritos.  

Estudo vai gerar um e-book interativo

O mapeamento também mostra uma alteração significativa na procura por conteúdo audiovisual dos respondentes. A preferência por esse segmento aumentou 62,8% na pandemia, sendo que as plataformas de streaming Netflix, YouTube, Amazon Prime e Globoplay foram as preferidas pela maioria dos entrevistados. Em relação às horas dedicadas para esse consumo, a pesquisa aponta que 38% assistem de uma a seis horas por semana, enquanto 33,1% destinam de oito a 14 horas. "Essa alteração indica que as plataformas digitais estão cada vez mais inseridas no cotidiano dos rio-grandenses, o que comprova a necessidade de investigar como esse consumo tem impactado a vida das pessoas", destaca o coordenador do mestrado, Cristiano Max Pereira Pinheiro. 

Se por um lado a preferência por filmes, séries e documentários aumentou, por outro, a busca por música em plataformas digitais permaneceu a mesma durante a quarentena. Dos 227 entrevistados, 107 (47,1%) afirmam que não modificaram seu consumo fonográfico no isolamento social, sendo que 48,9% dedicam apenas de uma a seis horas por semana a esse segmento. Para o professor Maurício Barth, os dados podem ser reflexo do home office, que diminui a necessidade de deslocamento das pessoas. "É importante compreender que o consumo digital está diretamente ligado ao trabalho desenvolvido pelos setores criativos e todo o resultado alusivo a esse cenário pode afetar a procura e a demanda do mercado", explica.

A pesquisa, dividida em quatro questionários (lives, audiovisual, música e jogos digitais), agora parte para a sua segunda fase: a produção de artigos científicos, que integrarão um e-book interativo sobre o tema. Além disso, serão realizadas entrevistas individuais.