A discussão sobre saúde mental, bem-estar e felicidade continua cada vez mais em alta dentro e fora dos escritórios. Segundo uma pesquisa realizada pelo Infojobs, 90% dos profissionais considerariam trocar de emprego em busca dessas condições. No entanto, há uma desconexão preocupante: enquanto 99% dos profissionais de RH reconhecem que o bem-estar deve ser uma prioridade nas empresas, apenas 46% deles estão efetivamente implementando ações voltadas para o apoio às pessoas colaboradoras.
Nesse contexto, o turnover — que mede a rotatividade de funcionários — se destaca como um dos maiores desafios enfrentados pelas organizações. A retenção de talentos tornou-se uma prioridade estratégica e a adoção de programas de bem-estar corporativo pode ser a chave para transformar essa realidade.
Uma inovação notável que ganhou destaque nos últimos dias foi a licença infelicidade, criada pelo chinês Yu Donglai, fundador da rede de varejo Pang Dong Lai. A proposta permite que os funcionários tirem um dia de folga sem a necessidade de aprovação da liderança, limitado a 10 dias por ano.
Para Hosana Azevedo, Head de RH do Infojobs e porta-voz do Pandapé, software de RH líder na América Latina, essa política representa uma compreensão profunda de que, quando os colaboradores têm a liberdade de cuidar de sua saúde emocional, a produtividade e a satisfação no trabalho tendem a aumentar: "Quando as pessoas se sentem cuidadas e ouvidas, elas ficam. E mais do que isso: trabalham de forma mais criativa e colaborativa. Isso não é sobre reduzir números de rotatividade; é sobre criar um ambiente onde as ideias fluem e os resultados aparecem naturalmente”.
Mas isso não se restringe à polêmica licença. Outras práticas inovadoras estão sendo adotadas para promover o bem-estar dos funcionários. O conceito de "short friday", que encurta a jornada às sextas-feiras, oferece aos colaboradores mais tempo para suas vidas pessoais, o que, na prática, aumenta o engajamento e a produtividade. Outra tendência é a "workation", onde o trabalho remoto se mistura com férias. Isso significa que os colaboradores podem trabalhar de praias, montanhas ou até cafés em cidades diferentes, equilibrando suas responsabilidades profissionais com a oportunidade de viver novas experiências.
Além disso, o projeto da semana de trabalho de quatro dias, implementado pela Reconnect Happiness at Work, tem se mostrado eficaz na redução do turnover, com empresas relatando aumento na motivação, engajamento, comprometimento e responsabilidade dos funcionários. Isso porque a diminuição das horas trabalhadas, sem redução da carga total, proporciona mais tempo para descanso e recuperação.
De acordo com a especialista, a felicidade no trabalho agora é tão importante quanto o salário. “Empresas que ignoram isso estão se arriscando. O bem-estar das pessoas colaboradoras é essencial para a sobrevivência do negócio. Quando felizes, elas não só trabalham melhor, como também decidem ficar. Hoje, o bem-estar não é apenas um benefício; é uma prioridade para quem busca emprego e para quem já está na empresa. Ignorar isso é abrir mão de talentos valiosos e comprometer o futuro da organização.”