HOJE É DIA DE REFLETIR: URTICARIAMENTE!

Na coluna RefletINDO, o empresário César Silva traz à tona o que muitos de nós temos e, muitas vezes, nem nos damos conta: o prazer da atenção vitimista

Por César Silva

Aquela manchinha vermelha que coça mais do que picada de mosquito incomoda muito! E dá uma vontade de mexer! E vem aquele médico chato e dá um remédio pra não coçar mais e nos tira essa prazer! Que sacrilégio!

Mas o remédio não é pra curar? Pois é...tem questões na vida que não queremos curar pois o prazer da atenção vitimista reforça um círculo vicioso do coitadismo!

Engraçado perceber que uma notícia boa em nossa vida tem uma atenção, infinitamente menor, do que uma notícia ruim. E o mais interessante é que mexemos sistematicamente nos erros e negativismos como se nos abastecesse de um calor flamejante de drama, por carência, falta de autoestima ou de forma automática, do tipo: minha vida sempre foi assim! Um dramalhão de culpas intermináveis!

É tão bom sentir-se bem e perceber que a vida é simples, que o amor é grandioso e que uma visão positiva e otimista torna tudo melhor. Seria como um mundo de benesses constantes, sem emoções ao extremo. Ou emoções diferentes. Mas a fofoca do vizinho é tão mais interessante e reforça as crenças que temos sobre ele, que em realidade, são nossas, e não dele! Como assim?

Imaginamos um mundo inexistente para que possamos sobreviver e nos proteger. Nele, sempre somos os protagonistas, nunca temos a nossa responsabilidade ativa, e é confortável “destilar o veneno”, já que é contra o outro! Balizamos tudo nos polos do certo e do errado, do vermelho e do azul, do bom e do mal e esquecemos que a vida não é tão simples assim!

É como se a felicidade passageira, rara e fulgaz jogasse contra uma infelicidade permanente, sofrida e que alicerça essa roda vida de altos e baixos, como resultado de uma recompensa conhecida: eu sofri mais evoluí! Será que precisa? E a sabedoria?

Lembro-me de uma frase na infância que era repetida como um mantra: Se queimou! Assim você aprende! Essa frase repetida várias vezes a uma criança dá a ela o entendimento de que só aprende de verdade se sofrer, se passar por dificuldades e complicações! E então crescemos e, mesmo que nossa vida esteja ótima, arrumamos uma série de urticárias nela para complicar! É a aplicação de uma crença dita por alguém que nos amava e que acreditamos! Nossa! Como estamos mal preparados para sermos pais!

Todas as palavras, sentimentos, experiências e realizações da infância são como tijolinhos na construção de nossa personalidade adulta. Cabe a nós descobrirmos essas crenças e percebermos que não são nossas! Mas essa não é uma tarefa simples! Demanda dedicação, apoio e, principalmente, vontade de analisar a si mesmo a fundo.

É comum as pessoas terem soluções para os problemas de todo mundo e não conseguirem resolver simples questões pessoais! Querem que a lógica resolva tudo! Como se o sentimento fosse acessório e os dois não estivessem entrelaçados eternamente!

Costumo dizer que a partir do momento que nossas questões pessoais começam a afetar o nosso entorno é o momento de parar e reavaliar o caminho! Vergonhoso é “encher o saco” de todo mundo e vestir-se com uma capa de dono da verdade. Pedir ajuda é nobre!

Em um mundo de diversidades, a maioria das vezes, não conseguimos lidar com nossos antagonismos! A cura da urticária interior só tem um médico: nós mesmos! Com ajuda ou sem ajuda exterior!

Se você gosta de coçar! Parabéns! Mas não reclame depois das feridas que doem! Engraçado como há situações em que preferimos a dor a saúde, a tristeza ao invés da felicidade! As vezes parece que não estamos preparados para sermos felizes! Ou será que não deixamos! São questões! Com humor, alegria, inteligência e o bem maior como foco, temos muito a agregar! Nossa, como o mosquito era legal e eu não sabia.... kkkkk!