EDUCAÇÃO ON-LINE: DESAFIO TAMBÉM PARA O EDUCADOR
Educadores também precisaram se adaptar rapidamente aos modelos de aulas remotas e o aprendizado exige cada vez mais empatia de todos os ladosA rotina de muitos estudantes no Brasil, em todos os níveis, do mais básico ao superior, mudou muito por causa da pandemia e uma boa parte deles seguem tendo aulas on-line. A mudança também atinge, invariavelmente, professores e educadores que precisaram, quase que de uma hora pra outra, se adaptar a um novo universo. E, em meio à busca e ao esforço para assimilar conteúdos e garantir o rendimento, alunos e mestres também são desafiados e manterem o equilíbrio emocional. Mas, como lidar com as angústias, com as incertezas e ainda manter o rendimento esperado? Conversamos com a professora do curso de Psicologia da Universidade Feevale, de Novo Hamburgo (RS), Lisiane Machado de Oliveira Menegotto, para tentar entender um pouco mais este contexto e ajudar você, familiares ou amigos a buscar esse equilíbrio. Bem, de acordo com a professora, não existe uma receita a ser indicada para lidar com as angústias e incertezas neste contexto. Muitos alunos e professores, reforça ela, compulsoriamente, tiveram que migrar para as plataformas de EaD, sem o devido preparo para isso. "Tem sido extenuante para todos, inclusive para os familiares, que precisaram se dividir em diversas tarefas, dentre elas, uma espécie de "homeschooling". Inicialmente, é preciso salientar que devemos encarar esse período de maneira mais flexível", considera Lisiane. Assim, continua, é preciso reduzir os níveis de exigência que havia antes da pandemia. Da mesma forma que o aluno precisa se apropriar do conteúdo, aluno e professor precisam se apropriar dessa nova modalidade de ensino. "Digo nova, para aqueles que não trabalhavam com essas plataformas até então. Nesse sentido, estamos diante de inúmeros desafios, que sobrecarregam a nossa capacidade de manter a concentração entre outras funções essenciais para a aprendizagem", completa. Como dito acima, os professores também estão lidando com inúmeros desafios, tendo que, de maneira muito rápida, desenvolver habilidades até então não requeridas. Um exemplo disso, segundo Lisiane, é a necessidade do domínio tecnológico, além de terem de lidar com os imprevistos que fazem parte do universo da tecnologia. "Nesse período, o professor precisa transmitir tranquilidade e para isso ele precisa estar muito bem amparado pela escola. O momento requer tolerância e empatia para que o professor possa reproduzir essa sensação de acolhimento em suas aulas", ressalta a professora. As incertezas, avalia Lisiane, farão parte do trabalho, mas quando o professro encontra um coletivo, em que ele pode falar e ser louvido, pode se sentir mais confiante para seguir. Por isso, ela ressalta, nessa perspectiva, é fundamental a escola criar esses espaços entre os professores, o que ela chama de "sala dos professores virtual". E, além de ter de dar conta da transmissão de conteúdo e atenção aos alunos, os professores precisam dar conta de suas rotinas e obrigações pessoais, como muitos dos trabalhadores do País. Além do vírus e de sua potencial letalidade, avalia Lisiane, temos o cenário econômico que está sofrendo os efeitos da pandemia e o cenário político, caracterizado por uma polarização e um clima de hostilidade. "Temos muitos professores que são os provedores da sua família e estão tendo que lidar com essas adversidades, dentre tantas outras. Estamos todos vivendo um tempo crítico e de inseguranças. Isso tende a gerar uma fragilização emocional e uma sensação de desamparo. Por um outro lado, é importante pontuar que nunca ouvi tantas pessoas mencionando o valor e a importância do professor e da escola. Às vezes, é preciso perder um espaço para conseguir atribuir um valor a ele. O professor é peça-chave na vida da criança e do jovem. Ele precisa ser mais respeitado e valorizado", frisa. Diante de tanta incerteza, o que se sabe é que haverá novos parâmetros para o que se considera hoje como "normalidade". Para Lisiane, será preciso tolerar e aguardar os desdobramentos que ainda surgirão. Não há como prever, diz ela, exatamente o que vai ser. "Sabemos somente que será algo novo e certamente desafiador, importante é pensar que apís tudo isso, possamos nos humanizar mais e nos tornar pessoas melhores", pondera a psicóloga. Publicidade Publicidade |