Por Aline de Melo Pires*
A gente vai se deparando ao longo da vida com histórias e situações que muito facilmente despertam nosso “poder” de julgar. É mais fácil, sem dúvida. Mas, algumas coisas surgem em nossa trajetória para nos “colocar em nosso devido lugar” e aprender a ver a vida com o olhar do outro. Algumas dessas coisas chamam-se livros. Depois de ler um comentário no Facebook sobre um livro que uma amiga leu, pensei, por que não? Li Jardim de Inverno (Kristin Hannah, Editora Novo Conceito) com um nó na garganta, do começo ao fim. É a história de duas irmãs rejeitadas pela mãe, amadas incondicionalmente pelo pai, que tenta convencê-las de que a mãe tem uma explicação para uma vida inteira de ausência de afeto. Aí vem o tal do julgamento: pode, realmente, uma mãe passar toda a existência sem uma única manifestação de carinho por seus filhos?
Já adultas, as filhas Nina e Meredith partem em busca de uma explicação, em busca da história de vida de sua mãe para que possam entender suas próprias trajetórias. A dificuldade em se relacionar, em amar, em se entregar pode estar relacionada à forma como a mãe as criou. E elas querem saber por quê, afinal. Um segredo que ao ser revelado quase estraçalha o peito. Foi assim que me senti, um relato de dor, que nos coloca na posição do outro e nos ensina que a vida realmente não é linear.
Amar pode não ser a mesma coisa para mim e para você. Assim como a manifestação desse amor pode se dar de diferentes maneiras. Não espere que as pessoas se comportem como você se comportaria diante de uma mesma situação. Não julgue. Busque entender. Se colocar no lugar das outras pessoas, por vezes, é o maior exercício que podemos fazer para passar por aqui com dignidade e deixar algo de bom. É nisso que acredito.
Por isso recomendo Jardim de Inverno, uma leitura que prende e faz refletir. Toca, emudece, entristece. Mas é necessária.
*Editora Temas Preferidos