Dica de Leitura | TUDO É RIO: O LIVRO QUE MOSTRA UM PEDACINHO DO QUE SOMOS ESPALHADOS EM CADA PERSONAGEM

Obra de estreia de Carla Madeira surpreende pela humanidade explícita traduzida em personagens que formam um intrigante triângulo amoroso

Por Aline Pires*

Um livro que, num primeiro momento, não me cativou, demorei a entrar na história, mas quando fui pega, entendi e admirei a força dessa autora ao conseguir traduzir em palavras o que o ser humano carrega na cabeça, no coração e na alma. Uma obra de estreia, super comentada e que despertou minha curiosidade a cada resenha, postagem ou comentário que eu vinha lendo ao longo dos últimos meses. Tudo É Rio, de Carla Madeira, nos tira o fôlego e nos revela uma história linda, triste, profunda, mas que nos dá, ou nos devolve, a capacidade de entender como somos tantos em um.

Tudo É Rio, editado pela Record, une as histórias do casal Venâncio e Dalva e da prostituta Lucy. Um triângulo amoroso que poderia ser somente mais um entre tantos que a ficção, e muitas vezes a vida real, nos apresenta. Mas essa história começa com uma tragédia, a morte de um filho e o espancamento de uma mulher. Segue com uma paixão avassaladora e um desejo sem tamanho que não é retribuído. Paramos para pensar até que ponto a narrativa vai nos levar, enquanto a imaginação envereda por uma possibilidade infinita de desfechos.


Aos poucos vamos entendendo a metáfora que se apresenta no título e passamos a enxergar a vida em toda a sua plenitude como realmente um rio em que as águas caudalosas desviam por pedras, fazem novas curvas e deságuam onde muitos não esperam. Uma das mais belas formas de contar uma história.


Todos os personagens de Tudo É Rio possuem uma riqueza peculiar, mas é na figura de Aurora, a mãe de Dalva, que vejo a tentativa do equilíbrio, a busca pela harmonia e até uma conformidade diante do destino. Mas ela tem uma sensibilidade tão grande, que quase transcende a humanidade. O passado de cada personagem vai sendo apresentado em uma narrativa construída de maneira fluida, que promove um ritmo de leitura cadenciado, que prende. Mas o livro de Carla Madeira tem muito mais.


"Tudo passa, você vai ver, tudo passa. Ela tinha razão. A vida dá um jeito de manter a gente vivo mesmo quando a gente morre de dor."


*Jornalista - Diretora de Conteúdo do Portal Temas Preferidos