Por Aline Pires*
Este livro primeiro me chamou a atenção pelo título lindo. Pequena Coreografia do Adeus. Fiquei curiosa para entender sua proposta e sua mensagem, e fui bem correspondida. Aline Bei nos entrega uma obra linda, recheada de sentimento, de toda a honestidade humana. É a história de Júlia, uma menina que cresce em um lar desfeito pela desunião dos pais, pela solidão, pelo medo e pela escrita usada como válvula de escape (ehh!).
A pequena Julia assiste sua família ganhar novos contornos com a partida do pai, com a frieza da mãe, e consequentemente com um distanciamento doloroso, cruel e aparentemente irreversível, com marcas para o resto da vida. Além de ser um livro sobre maternidade, sobre ser mãe, é um livro sobre ser filha, e ser mulher.
Em vários momentos, a narrativa de Aline Bei, uma escritora de quem eu gosto muito, me remete à minha própria infância, são recortes que trazem identificação com o cenário que por vezes vivi. E aí eu vejo o quanto a literatura pode nos socorrer, nos ajudar, por que é capaz de nos lembrar de quem fomos e nos ajudar a traçar o que queremos ser. Por vezes, durante a leitura, percebi que é muito tênue a linha que divide a vida de Julia e de Vera, sua mãe.
Fica aqui a recomendação desse livro lindo, dessa história profunda, escrita de maneira incrível. Aline Bei é da "nova safra" de escritores brasileiros e já vem encantando desde a publicação de O Peso do Pássaro Morto, que ainda está na minha lista. Vale a pena visitar as redes sociais da Aline Bei e procurar entrevistas e podcasts com ela. É daquelas que cativa a proximidade com seus leitores e isso é excelente!
*Jornalista e diretora de Conteúdo do Temas Preferidos