Por Aline de Melo Pires
Escrever é uma das melhores formas de exorcizar nossos fantasmas, nossos medos, nossas dúvidas. Mesmo quem acredita “não levar o menor jeito pra coisa”, pode tentar. Experimente sentar diante da tela em branco e colocar para fora toda a sua raiva, todo o seu rancor, ou, para não me rotularem de amarga, diga – ou escreva - tudo o que sente por aquela pessoa que você ama em segredo, coloque seus sentimentos em uma tela em branco. Se isso tudo não resolve, pelo menos ameniza os problemas, acalma a mente e o coração.
E é este o mote do livro A Mulher Com o Laptop: a escrita. O livro do escritor inglês D.M.Thomas (Editora Record) conta a história do escritor, igualmente britânico, Simon, que vai ministrar um workshop de literatura em uma colônia de férias em uma ilha grega. Tenho descoberto boas tramas a partir da criatividade dos escritores da terra da rainha, e tenho gostado. A Mulher Com o Laptop diverte e também nos coloca nas entrelinhas de cada história individual dos personagens criados por D.M.Thomas.
Em alguns momentos, a trama pode se mostrar morna, mas isso se justifica nas páginas seguintes. Há aquele instante em que uma virada prende e nos deixa entusiasmados e curiosos para saber o destino de cada aluno, o que cada um pretendia diante do texto criado. Seria tudo, realmente, obras de ficção?
O drama pessoal de Simon também instiga o leitor. Ciúme, traição, sentimento de vingança e a redenção apresentada por uma nova oportunidade. O que mostra que, sim, cada um pode, e deve se aventurar na criação de histórias. Sejam elas obras de ficção ou aquilo que está esperando a libertação dentro de nós, de verdade, a partir da escrita. Tente.