DICA DE FILME: ANTES DA MEIA NOITE

Último filme da trilogia dirigida por Richard Linklater me fez julgar antes de analisar, mas cumpre o papel fundamental do cinema: fazer pensar

Por Aline de Melo Pires

Depois de assistir a Antes da Meia Noite, o facebook me pergunta algo como "no que estou pensando". Na verdade, não sei o que responder, não naquele momento, porque é algo tão cheio de tantos sentimentos ao mesmo tempo, contraditórios, bons, ruins, agradáveis, irritantes. Gosto mais de um personagem que de outro, mas de repente, aquele outro não é bem o que pensei e pendo para o outro. E me vejo mais julgando do que analisando, oras me identificando com algumas situações, ora dando graças por não estar naquele contexto.

Para quem não sabe, Antes da Meia Noite, é o filme que encerra a trilogia iniciada em 1995, estrelada pelos atores Etan Hawke e Julie Deply, com o filme Antes do Amanhecer, nos papéis de Jesse e Celine. Dez anos depois, em 2004, eles voltam a se reencontrar em Antes do Pôr-do-Sol, na mesma cronologia, ou seja, se reencontram uma década depois e o filme é lançado em 2005. 

Antes da Meia Noite, dirigido por Richard Linklater, assim como os dois primeiros, é uma proposta de apresentar a trajetória e evolução das relações afetivas. Celine e Jesse, agora casados, nove anos depois, e pais de gêmeas - ele é pai ainda de Henry, do casamento anterior, que se passou no hiato de dez anos entre o primeiro e o segundo filme, vivem conflitos tão intensos e tão bem retratados nos diálogos dos personagens que é impossível, qualquer ser humano, comprometido ou não, não se identificar com pelo menos uma frase dita ao longo do filme.


CENÁRIO IDEAL
O cenário do filme é a Grécia, berço do pensamento, e serve como ilustração perfeita para os conflitos e questionamentos que se desenham enquanto a história se desenrola. Um casal que se desentende e volta a se entender e a se desejar em curtos espaços de tempo, abre caminho para reflexões importantes.


Celine por vezes, na maioria das vezes, na verdade, se mostra chorona, reclamona e vítima, bem diferente daquela Celine de Antes do Pôr-do-Sol, independente e cheia de autoconfiança. Uma mulher de meia idade que se preocupa com a forma como o parceiro ainda a vê e tem trancados no peito fantasmas que precisavam ir até a Grécia para serem mandados embora. Já Jesse, segue sendo o mesmo escritor passional e dividido, mas também liberta seus fantasmas de uma forma muito fofa, que não vouu falar aqui para não acabar com o encanto que quem não assistiu possa vir a ter.


Enfim, depois de julgar, porque não, e analisar, fico feliz em ver que um filme cumpre um de seus principais papéis: fazer pensar. Recomendo. E sei que, daqui um tempo, quando eu voltar a assisti-lo poderei ter mudado de ideia e opinião sobre Celine e Jesse, outra ferramenta fantástica da sétima arte: possibilitar o movimento das peças no tabuleiro. Confira o trailer abaixo e corra até a locadora mais próxima ou confira essa que é uma das novidades da Netflix para dezembro: