Existem coisas na vida que nunca devem ser esquecidas e sempre revitalizadas. No entanto, algumas datas acendem o debate e estimulam novas reflexões. É o caso do Dia do Orgasmo, comemorado neste 31 de Julho, e que estabelece uma série de discussões.
A data teve origem entre os britânicos, em 1999, por iniciativa de algumas sex shops com a ideia de incrementar as vendas enquanto incitava o debate acerca das dificuldades que muitas pessoas têm em atingir o ápice do prazer no sexo.
Uma pesquisa do departamento de Transtornos Sexuais Dolorosos Femininos da Universidade de São Paulo (USP) mostra que 55% das mulheres brasileiras não têm orgasmo na relação sexual. Um agravante, ainda vivem diante de efeitos da repressão sexual.
De acordo com estudiosos, a lógica chamada falocentrica prevalece de maneira errada quando o assunto é o sexo, ou seja, tendo a penetração como o principal caminho para o prazer. Mas, segundo estudos, essa lógica aparece em quarto lugar no quesito relação mais prazerosa, atrás do sexo oral, estímulo ao clitóris pelo parceiro e da masturbação.
" Ainda há muita dificuldade da mulher se permitir e se entregar. O orgasmo é um percurso e as pessoas precisam render inteiramente o seu corpo, parar de racionalizar tanto. Então, por isso que ainda é tão difícil”, diz a sexóloga e psicanalista Lelah Monteiro. Ela afirma, ainda, que a falta de comunicação entre os parceiros é um dos aspectos que mais dificultam a chegada ao prazer.
Portanto, segundo a especialista, é fundamental que a mulher busque informações sobre sua vida sexual, explore seu corpo e tenha uma conversa franca com o parceiro. Para Lelah, hoje em dia, mas mais jovens têm mais liberdade para tratar essa questão direcionadas por movimentos e ações coletivas em prol da busca pelo prazer e da libertação de preconceitos, que têm colaborado muito para mudar a realidade. "É fundamental existir permissão e entrega. Permitir que o seu corpo tenha satisfação, entregando-se totalmente ao momento. Para alcançar o orgasmo, sinta tudo o que o seu corpo é capaz de proporcionar e absorva o máximo de prazer da sua relação com ele", aconselha a sexóloga.
Ela fala sobre mulheres mais velhas, oriundas de uma educação repressora, que talvez nunca tenham conhecido o orgasmo. No caso de estarem aprisionadas a um relacionamento sem satisfação alguma há muitos anos, acreditam viver na normalidade. Há, ainda, as que com a separação seguem em busca do prazer que desconhecem e acabam por achá-lo nos braços de parceiros mais jovens. Já os homens mais velhos, quando investem em uma relação nova, tentam oferecer à nova parceira momentos mágicos, especialmente se for mais jovem.
Como podemos ver, a chave para tudo de bom e prazeroso que a vida tem a oferecer é o autoconhecimento. Por isso, se você tem dúvidas, desejos, procure o especialista na área, um terapeuta pode ajudar a encontrar os caminhos que te levem a uma vida plena, sem culpa nem brechas.