DEIXA DE SER ARTEIRA, MENINA! ASSIM, NÃO TEM FUTURO!

Como um olhar aberto sobre hábitos comuns pode mudar a forma de ver o mundo

O título deste texto foi a frase que aquela mãe escutou para caracterizar a sua filha de seis anos. “É muito ruim ouvir isso”, pensou ela. Como uma pessoa, em sã consciência, pode se atrever a julgar a filha dos outros?

Assim que ouviu aquela frase e percebeu que a criança ia responder, em tom de brincadeira, a mãe ficou observando a reação, quase automática, de sua filha, com todo orgulho:

- Não sou arteira, sou artista! Poderia pintar um retrato da senhora! É muito bonita!

- Menina atrevida!

E logo a mãe interviu:

- O que houve filha?

- Mãe, aquela senhora me chamou de artista!

A senhora, com a resposta da menina e a atenção da mãe, não teve outra saída a não ser se fazer de doida:

- Sua filha é muito inteligente! Vai dar trabalho!

A mãe se deu conta da estratégia daquela senhora e logo disse:

- Minha filha não dá elogio para qualquer pessoa! Ela lhe achou muito bonita!

Aquela senhora intrometida fez uma cara de "pastel", virou as costas e seguiu a caminhar. As duas se olharam e abriram um sorriso matreiro, típico de quem está de bem com a vida.

Mãe e filha passavam a tarde no parque esperando o pai chegar de uma viagem longa ao outro lado do mundo. Ela era designer e ele estilista. Viviam da sua arte e de seu talento.

Tinham em seu pensamento de que seu maior orgulho seria sua filha ser o que quisesse, mas, no fundo do coração, torciam para que aquela criatividade e energia dela fossem canalizadas e transformadas em algo único, singular e transformador.

Os dois tinham uma formação internacional, viajaram o mundo, conheciam arte, tecnologia, história, falavam vários idiomas e, mais importante: tinham a plena consciência de que o seu papel era fundamental no desenvolvimento daquela alma sob sua responsabilidade.

Passado um tempo o pai chegou e, no meio do parque, se abraçaram com toda força, pulando juntos e retratando entre si uma felicidade sem comparação, pelo menos naquela vizinhança.

Não estavam muito preocupados com o que os outros tinham a dizer sobre a forma de vida que levavam e sobre o carinho que trocavam. As emoções estavam à flor da pele e a cumplicidade entre eles era perceptível a "olhos nus".

Brincaram, se abraçaram, mexeram com a natureza, subiram nas árvores e correram para todo lado. Era um jardim de infância em família! Já era tarde e, como moravam perto, foram caminhando e brincando com a menina.

Ela era muito curiosa. Perguntava sobre tudo e todos e tinha uma sensibilidade aguçada e uma inteligência acima da média. E ela perguntou a sua mãe, sem filtro:

- Mãe, por que parece que as pessoas não nos entendem? Às vezes as vejo nos olhando e fazendo sinal com a mão de que somos meio doidos. Por quê, mãe?

A mãe dirigiu um breve olhar ao pai, que entendeu a situação na hora, e disse:

- Filha! Normalmente as pessoas tem medo do que não entendem!

- Mas mãe, o que as pessoas têm com a nossa vida? Não fazemos mal a ninguém!

- Não é isso filha! O amor e a forma como nos amamos e nos expressamos não é comum!

- Por quê não?

- Por que cada ser humano é diferente, amor! Ninguém é igual a ninguém. Uns são mais abertos e outros mais fechados, mas não significa que um é melhor do que o outro! Todos somos criação de Deus! Iguais, com características diferentes, o que torna a tela do mundo mais colorida, não acha?

- Mãe! Me lembrei de uma coisa!

- O que foi, filha?

- Vamos para casa que preciso mostrar uma coisa para vocês!

Os três começaram a correr como se fossem três crianças em busca de uma surpresa há muito esperada. Era bonito de ser ver! Chegando em casa, a menina foi para o quarto e desceu com um caderno na mão.

Era um caderno de pintura que o pai tinha trazido de uma viagem. Um caderno com folhas tamanho A3, enorme. A menina abriu e mostrou:

- Olhem! Fiz para vocês!

As lágrimas correram naquele rosto cansado, mas feliz! Os dois se olharam e o pai disse:

- Tenho muito orgulho de você, amor!

Se abraçaram e curtiram o resto da noite em família! Curiosos para saber o que estava pintado? Curiosidade é tão boa! Nos leva a lugares inimagináveis! Mas, nem sempre esses lugares são complicados, cheio de frescuras ou pomposos. Estava pintado naquele caderno, com letras garrafais de uma menina que aprendera a ler e escrever sozinha:

- Amo meu Pai! Amo minha mãe! Feliz Dia das Mães!!! Da sua filha arteira, artista!

César Silva é Mentor de Negócios, Consultor, Professor, Palestrante e Escritor - CEO @cesarsilvasimplesmente – Nosso propósito é inspirar estratégias com criatividade, possibilitando a liderança com autonomia em rumos disruptivos, viabilizando caminhos exponenciais sustentáveis com confiança e amor!