ARTIGO | Desromantizando a Mulher Guerreira

“Em algum momento alguém não fez o seu papel e essa ‘guerreira’ teve que os assumir”

Por Aline De Negri*

É muito lindo ouvir o termo “mulher guerreira” e muitas vezes vem como um reconhecimento das pessoas à nossa volta, amigos, amigas, pais, mães, pessoas queridas como um elogio. Hoje li uma frase no feed de uma grande amiga que dizia: “Guerreira é a Xena, eu sou é sobrecarregada mesmo”.


Infelizmente, estamos num mundo em que as mulheres conquistaram seus direitos ao voto, a estudar, a participar em termos igualitários entre os homens, no mercado de trabalho, na administração de empresas, do lar, entre tantos outros direitos e obrigações.

Acontece que tenho visto isso como um cenário muito triste, pois se existe essa mulher guerreira, é porque alguém não fez ou não está fazendo a sua parte, e sim essa mulher está sobrecarregada. Nada mais que isso…


Entendemos que quem corre atrás e tem opções de escolha sendo mãe, cumprindo o papel de pai muitas vezes também, sendo solteira, casada, com filhos ou sem, solteira por opção ou divorciada por opção acaba obtendo o título como se isso fosse um grande elogio, mas o que acabo vendo é simplesmente porque em algum momento alguém não fez o seu papel e essa “guerreira" teve que os assumir. Vamos “desromantizar” esses papéis!


Muitas vezes, isso tem sido a romantização do sofrimento e às vezes da pobreza de espírito de quem as cerca também. É necessário que ela tenha que se desdobrar em muitos desafios para trabalhar, cuidar dos filhos, ser sociável e inteligente, nunca ficar doente e muito menos reclamar


Ah, e ainda precisa “se dar o respeito”, ter postura e estar sempre arrumada, cheirosa e bem humorada. Por favor repensem seus conceitos, não existe mulher guerreira, existem mulheres que tiveram que sair da zona de conforto e irem à luta, porque alguém deixou de fazer o seu papel.

Fora o ideal de que mulher guerreira tem que ser forte e imbatível e inabalável, num mundo ideal. Somos humanas e queremos sim alguém que nos cuide, nos ampare, principalmente nos respeite e nos ame e façam seus papéis, simples assim.


Quando teremos nesse mundo alguém que de fato pense em amparar as ditas “guerreiras”, e dar a elas o que merecem? Atenção, amor, respeito e carinho além da divisão de papéis que deveriam ser naturais. Mesmo assim, nem sempre as pessoas se importam. Sabe o porquê? Porque ela sempre dá um jeito! Não é mesmo?

Repensem nas mães, no SER mãe, mulheres no trabalho, donas de casa, amigas, primas, irmãs, filhas, entre tantas outras. Muito triste receber o título de “guerreira”. Se está assim, é por que alguém pode estar deixando de fazer a sua parte... Pensem bem!


*Empresária