AMIGOS DOS LIVROS: ESCOLAS CRIAM PROGRAMAS DE INCENTIVO À LEITURA
Contação de histórias e recompensa por leitura estão entre as estratégias para despertar nos alunos o interesse pelos livrosLuiz Correia de Araujo é um dos milhares de pais que enfrentam atualmente a difícil tarefa de convencer a filha a trocar o IPad, o celular e a televisão por um livro nas horas vagas. Ele diz que a menina de oito anos adora programação cultural, mas, os livros perdem para a tecnologia. "É difícil influenciar com a concorrência dos amiguinhos que passam pela mesma fase: são os 'whatsAppeanos' do nosso século", brinca o pai sobre as horas de dedicação dela à tecnologia em jogos e ao whatsApp. Atualmente, esse desafio não é tarefa apenas dos pais com a falta de interesse de crianças e adolescentes pelos livros. A dificuldade é notada por profissionais de educação dentro das salas de aula ao tentar implantar uma política de leitura aos alunos. RECOMPENSA À LEITURA CRIANÇAS E ADULTOS PRECISAM SER ESTIMULADOS A coordenadora da Educação Infantil da unidade CEL Lopes Quintas, Elisabeth Soto, deixa claro que o foco do programa não se restringe aos estudantes. "Ter um programa de estímulo à leitura é algo fundamental. Mas não somente crianças e adolescentes são o alvo da ação. Olhamos também para os responsáveis e buscamos apresentar os benefícios e importância do hábito para os alunos. Aliás, as crianças aprendem muito por observação e reproduzem comportamentos. Hábitos não seriam diferentes." A mãe da aluna Rebecca Cavalcanti, de 8 anos, que cursa o 2 ano do Ensino Fundamental II, no CEL LQ, Livia Cavalcante, explica que o livro teve papel determinante para a melhoria do desempenho dela escola. "O livro nunca poderá ser substituído por nenhum outro canal de informação. Ler estimula a interpretação e a criatividade." Gabriela Dantas, aluna do 2 ano do Ensino Fundamental II, no CEL Barra, aprendeu cedo o que a leitura pode oferecer de bom. A menina, que lê de dois a três livros por mês, compartilha conhecimento e divertimento através de doação. A biblioteca da escola já conta com 45 obras que já foram dela. "São histórias muito legais e já li todas. Quero que outras crianças tenham a oportunidade de conhecer todos os personagens também.", diz a menina. No Colégio Liceu Franco-Brasileiro, professores contam histórias diariamente a partir do maternal em rodas de leitura formadas com turmas com crianças a partir de 2 anos. Além disso, todas as turmas são estimuladas com participações em feiras de livros, troca-troca de livros entre alunos, participação em bienal e palestras com autores e atividades de rotina das disciplinas. A orientadora pedagógica do Franco, Kátia Abrantes, explica que através de estímulos é possível formar indivíduos que enxergam prazer nos livros e fazem deles seus companheiros. "O contato com o livro é feito ainda muito cedo, quando as crianças estão em desenvolvimento de todo o contexto de compreensão da expressão emocional à comunicação oral. Se estimulada corretamente, a criança transfere o interesse visual - onde reconhece e se interessa por desenhos e formas dos livros - pela sonoridade das palavras e, consequentemente, entra em processo de familiarização com letras e sílabas. Por fim, aprende a ler e tudo que lhe era relatado, e toma corpo e independência a prática da leitura." Uma pesquisa apresentada no encontro anual da Pediatric Academic Societies (PAS) mostrou que o estímulo precoce à leitura, isto é, na idade pré-escolar, influencia na atividade cerebral do indivíduo, e quanto mais consistente e frequente for a leitura, mais áreas cerebrais que suportam o processo semântico (isto é, de atribuição de significado a frases e palavras) serão estimuladas. Publicidade Publicidade |