A IMAGINAÇÃO SEMPRE PASSA A PERNA EM QUEM NÃO ESCUTA?
Conheça a história de Manoela, que resolveu escutar a própria voz numa jornada incrível de autoconhecimentoPor César Silva* A imaginação sempre passa a perna em quem não escuta? Também! Mas principalmente em quem não quer encarar a realidade de frente, enfrentando a dor, a culpa e a crítica, sem restrição, observando sua realidade pessoal com honestidade. Manoela tinha esta dificuldade! Ela costumava criar relação com assuntos soltos, desconexos e sem importância real e transformá-los em "cavalos de batalha" em sua vida. Sua família já a conhecia, tanto que tinha um apelido gentil para ela: doidinha romântica. As suas ideias eram criativas e compulsivas, chegando ao ponto de criar mundos inimagináveis e relações que poucos conseguiam alcançar. Ela era dona de uma inteligência sem comparação e por isso tinha essa destreza mental. Essa característica era muito bem utilizada na resolução de desafios em sala de aula e gerava uma série de elogios dos professores: Manuela vai além dos colegas! Mas quando se tratava de sua vida pessoal, ela tropeçava feio. Namorado, família e amigos eram um caso sem igual. Todos tinham histórias dela relacionadas a esses assuntos. Como era uma mulher de 20 anos, que recém saíra de casa, não deixava de ser assunto das rodas de conversa mais gentis. Amigos e família nem sempre são gentis. Atrapalham muito, às vezes! A solução era falar dela pelas costas e não ajudá-la a resolver essa questão, mesmo que ela não enxergasse claramente. Mas era uma boa pessoa, sabia que havia algo errado, mas seguia a vida assim mesmo. Não deixava se abater! Sua mente lembrava do passado com uma série de informações misturadas. Pensava no futuro de forma a ele se tornar uma realidade mesmo sem exisitir. Ela queria se focar no presente, sem estar ausente, não deixando o passado tomar conta de sua vida e o sonho não virar uma realidade sem base concreta. Esse seu dilema maior! Ela tinha uma mania muito interessante: gostava de chegar em casa, tomar banho, independente do horário, sentar em frente das flores na sua sala e imaginava um mundo em que tudo dava certo para ela. Era uma otimista! Muito Legal! Mas não bastava, ela precisava fazer um plano e colocar em prática! Era muito difícil, ela pensava. Não consigo concretizar o que mais desejo! Preciso resolver isso! Aquela menina que todos consideravam a doidinha sonhadora tinha uma consciência muito maior do que muito marmanjo cheirando a dono da verdade. Resolveu que iria encarar, mesmo que fazendo algo diferente. Foi fazer terapia! Descobriu na chegada do consultório que tinha um preconceito sobre isso e que a palavra doidinha estava em sua mente desde seu lar. Tremia e se culpava já que as afirmações começavam a se reforçar na sua mente. A porta abriu e um psicólogo de meia idade olhou para ela e disse em tom amistoso: -Olá Manoela! Uma honra encontrar você aqui! Saudade do seu pai! Era um amigo da família há tempos não visto. Manoela lembrava da sua infância e tinha uma impressão muito boa daquele terapeuta. Ela relaxou! Como aquela lembrança poderia ser ruim se seu peito apertava e sentia algo bom? O tempo foi passando, a psicoterapia sendo realizada, ela se afirmando e descobrindo algo inusitado: não queria passar parte da sua vida adulta como passou sua adolescência. Um primor! Pensou para si mesma: novo momento, novas atitudes. Chega de sonhar! Agora quero fazer e fazer bem feito! A atitude daquela mulher transbordava a sua essência mais profunda: era criativa, imaginativa, romântica e sabia o que queria. Tinha consciência que precisava de ajuda profissional e de que sozinha não conseguiria avançar. E ela queria avançar! Primeiro em si, depois para o mundo! Dez anos depois Manoela estava realizada com suas decisões! Não perdera a mania de chegar em casa e pensar na vida. Mas agora era diferente! Já tinha terminado o Mestrado, estava praticando a docência e queria se tornar pesquisadora. Sua família se orgulhava da clareza e do foco daquela que era uma doidinha romântica em outros tempos. Suas amigas ainda passavam parte do tempo sonhando e vivendo como se a adolescência durasse para sempre. Ela não julgava, apenas dizia: escolha ser você, será muito bom! Apesar de ser dito com carinho e respeito elas não entendiam muito bem o que aquilo significava. - Manoela, Manoela! Uma delas afirmava. Sempre com essas ideias diferentes. Vem curtir a vida que um dia a gente pensa no que virá... César Silva é professor, escritor, consultor, mentor - Head of Business @cesarsilvasimplesmente, Professor/Tutor Externo IERGS/Uniasselvi, Conselheiro da Fenac S.A.
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