8 DE MARÇO: MAIS QUE FLORES, IGUALDADE DE RECURSOS E OPORTUNIDADES

Especialista em Comunicação Não Violenta fala do trabalho que está mudando a realidade em organizações e combate o preconceito e a violência contra a mulher

O 8 de março é uma data que, hoje, pode gerar controvérsias. Há muito, as flores não são o mais importante, embora seja sempre gostoso recebê-las, e por que não? No entanto, vivemos um tempo em que se é mais necessário do que nunca fazer reflexões e mais ainda: mudar comportamentos. Isso inclui toda a sociedade, obviamente, mas, por mais que pareça óbvio, as próprias mulheres. E para acabar com esse cenário, as armas são o conhecimento e a informação. E temos um exército muito forte agindo por isso, felizmente. Um exemplo é o trabalho que vem sendo desenvolvido por Vivian Laube, especializada em Comunicação Não Violenta, e que está à frente da LF Comunicação e Projetos.

Há 4 anos, ela se dedica a levar a informação e o conhecimento no combate ao preconceito e violência contra a mulher, especialmente nos ambientes corporativos. E é durante o mês de março que este trabalho se intensifica, aproveitando uma data que deveria ser lembrada em todos os meses do ano.
Segundo Vivian, não há outra forma de frear os discursos de ódio e preconceito contra a mulher sem a transmissão do conhecimento. "Vivemos há muito tempo, séculos, em um modelo de sociedade patriarcal, onde foi ensinado que o homem é superior, comanda e decide, está à frente, trabalha fora e a mulher cuida da família. Isso está impregnado em nossa cultura, e as próprias mulheres têm dificuldade de reconhecer comportamentos abusivos por parte dos homens, então a gente, por falta de conhecimento, assina embaixo, afirma e valida o que está acontecendo", considera. E nesse ponto ela destaca algo que considera fundamental, e que ainda falta, a sororidade, o olhar de uma mulher para a outra inclusive com as que não se tem muita afinidade.

FEMINISMO E FEMISMO, QUAL A DIFERENÇA?

Há, continua a especialista, um olhar "todo atravessado" quando se fala em feminismo, machismo, machismo estrutural, sociedade patriarcal. As mulheres, de modo geral, olham para isso tudo com desconfiança. "Costumo dizer que, muitas vezes, as mulheres são mais machistas que os homens, porque elas têm ajudado a perpetuar esse sistema por falta de conhecimento, ou por que convém, ou por que se confundem", afirma.

E se confundir, continua, significa não entender que quando se fala em feminismo, trata-se de uma luta para se tornar iguais aos homens no sentido de equidade, igualdade de direitos e oportunidades. "Se tornar superior ao homem é femismo e não é essa a nossa luta. Femismo é o equivalente ao machismo. Feminismo é uma luta em prol dos direitos das mulheres. Queremos ser consideradas como somos, porém tendo os mesmos recursos, acessos e direitos", esclarece Vivian, que aponta dados preocupantes: 45% das famílias brasileiras são sustentadas por mulheres que, mesmo assim, ganham 20% a menos que os homens em cargos e funções iguais e que dedicam, por semana, 21h de trabalho e cuidado com a casa e com a família, tendo uma jornada maior.

É esse conhecimento que, segundo Vivian, precisa chegar a cada vez mais mulheres para que possam impor novas regras e novos acordos nas relações com os homens, sejam elas na vida profissional ou pessoal. "Biologicamente, não nascemos para cuidados, isso foi um papel social imposto, por que convém", diz.

RECONHECER O ABUSO É FUNDAMENTAL

Os abusos contra a mulher se manifestam de inúmeras maneiras, tantas que nem sempre são reconhecidos, e seguem causando danos como depressão, autodepreciação. Nem todas conseguem identificar, por exemplo, o gaslighting, que é a manipulação do homem para deixar a mulher com a sensação de estar confusa, em dúvida e não entende determinado assunto. Há ainda o mansplaining, quando o homem tenta ensinar a uma mulher o que ela já sabe como se ele fosse superior e soubesse mais do que ela. Já o manterrupting se configura diante das interrupções constantes das falas das mulheres pelos homens impedindo que elas concluam suas ideias.

Então, prossegue Vivian, se pararmos para pensar no cotidiano, muitas situações desse tipo podem ser identificadas. "O Instituto Maria da Penha aponta que a violência psicológica é feita de ameaças, constrangimentos, humilhações, manipulação, vigilância, perseguição, insultos, chantagem, limitação, ridicularização, então são muitas e muitas as maneiras que a mulher sofre abusos no dia a dia sem perceber que é um abuso", diz.

Por isso, o papel das organizações é fundamental, assegura Vivian. Um exemplo desse acolhimento é a palestra A Coragem de Ser Você Mesmo, uma das mais requisitadas, que leva esse olhar para a mulher, desperta a sensação de pertencimento. "É diferente de ganhar um batom, um perfume ou flores. Acredito que é hora de olhar para esse mês da mulher como uma possibilidade de mudança desse cenário, precisamos de mais espaço e respeito. As empresas começam a mostrar que tem um movimento acontecendo e eu fico muito feliz de ver diversas empresas levando essas informações", conclui.


Confira abaixo, o programa oferecido por Vivian Laube às empresas:

- O Que as Mulheres Querem?
Este tema mostra o quanto as mulheres já evoluíram na sociedade e no mundo do trabalho e os desafios que ainda têm pela frente.

- A Coragem de Ser Você Mesmo
Este tema aborda a importância e auto empatia e autocompaixão e o acolhimento de quem somos.

- Os Arquétipos Femininos da Liderança
Este tema apresenta as soft skills que as mulheres já possuem e que a transformam em uma líder mais bem adaptada para o futuro do trabalho: flexibilidade, sensibilidade, comunicação, confiança e intuição.

FORMATO
Pode ser presencial, on-line ao vivo, híbrido, gravado.


Contato:51 981260390