VOLTA ÀS AULAS: VEJA OS RISCOS DO DEVER DE CASA EM EXCESSO

Especialistas explicam por que o tempo gasto nas tarefas de casa não pode ser muito extenso e dizem: pais devem estar disponíveis para auxiliar os filhos

Estamos às vésperas da volta às aulas, portanto, é imprescindível que alguns pontos comecem a ser melhor pensados, como o tema de casa. A lição de casa é parte fundamental do aprendizado: é através dela que as crianças podem fixar os conteúdos passados em aula e desenvolver suas habilidades na resolução de exercícios. No entanto, quando ela é excessiva – principalmente no caso dos pequenos que ainda estão na Educação Infantil – pode acabar trazendo mais aspectos negativos do que positivos, como desânimo com os estudos.

De acordo com a pedagoga Rosângela Hasegawao cenário atual, caracterizado cada vez mais por escolas que oferecem o período ampliado e o integral, a lição de casa deve ser repensada. “Pensando no tempo que as crianças passam na escola, nem precisaria existir a lição de casa”, afirma. “O tempo da lição deve ser o mínimo possível, pois ela deve complementar o aprendizado escolar e não ser uma extensão dele”, afirma a pedagoga, que é, ainda, diretora de uma escola.

O MODO CERTO

O tempo gasto com a lição de casa deve aumentar gradativamente de acordo com a idade dos alunos. Segundo a presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), Luciana Barros de Almeida, esse tempo deve ser de no máximo 20 minutos para as crianças entre 3 e 6 anos de idade, e de 30 a 40 minutos para aqueles que se encontram na faixa entre 7 e 12 anos.

Em todos os casos, porém, a lição precisa ser discutida em aula, para que o aluno chegue em casa mais preparado para realizá-la. “A lição de casa precisa ser orientada pela professora em classe, explicitando o que ela espera do aluno naquela produção”, afirma Luciana.

Outro fator muito importante na hora de planejar as tarefas de casa é saber que listas intermináveis, cheias de exercícios, não colaboram para o aprendizado – muito pelo contrário. “O ideal é propor desafios com dois ou três exercícios”, sugere a psicóloga e psicopedagoga Cynthia Wood.

A ATUAÇÃO DOS PAIS

Além da necessidade dos professores e educadores discutirem e repensarem a lição de casa, as especialistas destacam a importância dos pais estarem atentos e disponíveis para os filhos na hora dos estudos, estabelecendo horários para sua realização. Isso porque a criança pode acabar procrastinando ou fazendo a lição de qualquer maneira, mesmo quando sua proposta está adequada.

“Geralmente as crianças não gostam de lição de casa. É difícil tirá-las de outra atividade para que a façam”, lembra Rosângela. Por isso, é fundamental que os pais estabeleçam uma rotina e que reservem um tempinho para os pequenos. “A necessidade de rotina se dá para ambas as partes para a criança e para a família que precisa dar exclusividade a esta atividade”, afirma a presidente da ABPp.

Mas é sempre bom lembrar: os pais não devem dar as respostas aos filhos, apenas auxiliá-los, estimulando-os a pesquisar e chegar às respostas corretas por conta própria. “A dúvida instiga a curiosidade e o pensamento”, justifica a diretora do Evolve.

Outra dica é estabelecer que a criança faça a atividade de uma vez, em vez de ir dando pequenos intervalos. Segundo Luciana Barros de Almeida, isso é importante não só pela sequência e elaboração de pensamento, mas também pelo estabelecimento de rotina quanto a planejamento e execução da proposta.