VEJA COMO OCORRE A SÍNDROME DE BURNOUT PARENTAL NA QUARENTENA

A pandemia modificou a relação entre pais e filhos que pode chegar ao esgotamento físico, emocional e mental

Você já deve ter ouvido falar na Síndrome de Burnout, o esgotamento acentuado por estresse no trabalho, comum em empresas e organizações. Hoje, a sociedade já vive uma nova e preocupante versão desse quadro, a Síndrome de Burnout Parental, gerada dentro de casa diante do intenso convívio entre pais e filhos por conta da quarentena imposta pela pandemia do novo coronavírus.

Com o trabalho em modelo home office e aulas on-line, os desafios aumentaram. Mais cobranças, horários extrapolados, reuniões a qualquer momento e uma mistura de casa, escola e escritório num só lugar. Tudo isso gera um acúmulo e aumento de tensões, pois todos estão no mesmo espaço, com dificuldade de concentração para o trabalho, por que não é raro filhos buscarem a atenção dos pais, ainda que estes estejam em horário de trabalho, assim, as intervenções são contextos. Este não deve ser um cenário muito longe da sua realidade ou de alguma família que você conheça.

Então, o que fazer? Como lidar com a situação principalmente por que, diante disso tudo, as tarefas podem não se completarem, a atenção aos filhos também não é total e tudo parece ficar pela metade… O resultado é um intenso esgotamento de toda a família.

Sobre toda essa sobrecarga que os pais acabam absorvendo, a médica neuropsiquiatra Gesika Amorim afirma que praticamente todo mundo está vivenciando algum nível de Burnout nesta situação de pandemia. Para pais que estão em casa, diz ela, é pior, pois estão sendo obrigados a se desdobrar para cuidar dos filhos, da casa, do trabalho para sustentá-los e ainda educá-los no sentido escolar, dando um suporte maior nos estudos da escola, já que a aulas também são em home office.

Se antes os avós e outros membros da família ajudavam na criação dos filhos, com o isolamento social essa ajuda acaba, além de que por contenção de despesas , muitas funcionárias domésticas foram dispensadas .

SÍNDROME DE BURNOUT PARENTAL E OUTROS TRANSTORNOS MENTAIS

A Síndrome de Burnout Parental é um esgotamento físico, emocional e mental devido ao estresse que o pai, a mãe, ou ambos, acabam sofrendo por conta da criação dos filhos.

A exaustão faz com que os pais sigam com a sensação de cansaço; mesmo após uma boa noite de sono estes levantam sentindo-se esgotados como no dia anterior, uma sensação de exaustão que parece não ter fim. Lembrando que é um cansaço geral, com dores no corpo, nervosismo, ansiedade, desânimo e desgaste emocional.

A insônia, a falta de apetite e até o aumento de consumo de bebidas, cigarros e outras drogas também são sintomas associados.

Essa quebra de rotina na vida de todos, o medo de ser infectado pelo vírus, a ansiedade causada pelas incertezas do futuro, todos esses elementos somados, acabam potencializando não apenas a Síndrome de Burnout Parental, mas inúmeros transtornos mentais. “A fadiga extrema leva ao aparecimento de ansiedade, depressão, esgotamento físico e mental, também ao aumento do consumo de álcool e substâncias ilícitas e o aumento da violência familiar de forma geral”, adverte a médica.

As consequências da Síndrome de Burnout Parental podem ser as mais desastrosas, indo desde a negligência dos filhos; às agressões verbais, psicológicas e físicas.

O QUE FAZER? E COMO EQUILIBRAR TUDO ISSO?

De acordo com Gesika, o ideal é não tentar ser perfeccionista e querer carregar o mundo nas costas. “É preciso ter uma noção exata dos nossos limites e aprender a conviver com eles. Adaptação e resiliência; vamos fazer o que é possível da melhor maneira possível. Estabelecer metas e horários. Será preciso também responsabilizar e delegar certas responsabilidades para as crianças, segundo a idade de cada uma, para terem mais autonomia. O mais importante é estabelecer horário para cada coisa, tentar manter a rotina o mais próximo do normal e procurar ajuda se for preciso”, diz.

De modo geral, é buscar mais tempo de qualidade com a família, com conversas saudáveis, atividades que inclua toda a família, inclusive passeios.

Além de ajudar a criar laços afetivos mais profundos, traz a noção de que todos são importantes e amados e que juntos é mais fácil vencer qualquer obstáculo.

Outro aspecto destacado pela médica é a importância de manter um tempo para si, fazer o que gosta, ler, assistir filmes ou uma série preferida ou conversar com amigos. “Essas atitudes também servem no caso da Síndrome de Burnout diretamente ligada ao trabalho. O importante é estarmos atentos à nossa saúde mental e, ao menor sinal de depressão, ansiedade, irritabilidade, de exaustão física, mental e emocional, procurar um psicólogo ou um psiquiatra para um diagnóstico e assim buscar o tratamento ideal”, completa a médica, que tem ainda formação em Homeopatia Detox (Holanda), é especialista em Tratamento Integral do Autismo, possui extensão em Psicofarmacologia e Neurologia Clínica em Harvard, especialização em Neurodesenvolvimento e Saúde Mental; Pós-graduação Pós Graduada em Medicina Ortomolecular.