Por
Daiana Souza*
Que
me perdoem os críticos de plantão, mas acompanhar os Jogos
Olímpicos em meio à pandemia foi um bálsamo para todos nós.
Sabemos que o vírus nos assombra em meio à corrida da vacinação,
mas durante as férias escolares tem sido muito bom conhecer as
histórias de superação dos atletas, que treinaram em condições
adversas para poder chegar a Tóquio em 2021. Medalhistas adaptaram
suas práticas a pequenos espaços, confinados em apartamentos ou
pátios de casa; açudes se tornaram piscinas olímpicas para treinar
braçadas que, mais adiante, nos encheriam de orgulho no pódio.
Neste momento da pandemia, em que ainda perdemos muitas vidas,
mas, ao mesmo tempo, preservamos tantas
outras por causa da vacina, o esporte parece um sopro de vida e
esperança de dias melhores. E eu, contagiada pela alegria e
empolgação dos jogos, pensei em como o esporte e a aprendizagem
podem – e
devem, na verdade – caminhar
juntos para que, tanto crianças quanto adultos potencializem o
aprender e até consigam sanar dificuldades de aprendizagem. Já
imaginei as escolas oferecendo práticas esportivas além do momento
da educação física, antes ou depois de um período de estudos
matemáticos, por exemplo. Imagine aprender história jogando tênis
ou basquete?! E aprender física lutando judô? Muito mais do que na
integração de disciplinas como exemplos, a prática esportiva é
uma ferramenta que potencializa nosso aprendizado, e esse discurso é
cada vez mais reforçado pela neurociência. E como vocês já sabem,
sou fã de carteirinha deste assunto.
Atividades
físicas e práticas esportivas exercem grande influência no nosso
cérebro. Estas atividades são ricas em experiências
sensório-motoras, e tais experiências colaboram para o
desenvolvimento de funções cognitivas, como a memória e a atenção.
Pesquisas em desenvolvimento da criança, fisiologia e neurociência
apontam que o movimento é essencial para a aprendizagem. Outros
estudos mostram que o exercício físico praticado de forma regular
ajuda na concentração e fixação de conteúdos, desenvolve melhor
o raciocínio lógico e a memória, aprimora os reflexos e ajuda a
melhorar o foco nas atividades escolares. Não existe uma forma
melhor de despertar o cérebro do que se colocar em movimento, pois
ele funciona exatamente como nosso músculo: cresce com o uso
constante e atrofia com a inatividade.
Esporte
é movimento, e movimento é vida. Devemos aproveitar essa energia
positiva trazida pelas Olimpíadas para repensar nossa forma de
ensinar. Será que ainda funciona deixar os alunos sentados por horas
a fio, em uma aula expositiva? Afinal de contas, por que estamos
privando nossos alunos de se mexer, quando sabemos que o movimento
pode ajudá-los a aprender melhor? Já não vejo a hora de voltar às
aulas e ensinar meus alunos em meio a uma corrida ou partida de
vôlei. Eles aprendem mais, e eu também.
*Publicitária
e professora de inglês. Daiana Souza escreve quinzenalmente neste
espaço. Tem alguma dúvida, comentário ou sugestão a respeito do
tema? Utilize os espaços abaixo para comentários.