REDUÇÃO DE EXAMES PREVENTIVOS NA PANDEMIA PREOCUPA

​Exames de rotina e prevenção a doenças como câncer seguem sendo deixados de lado, o que aumenta a preocupação entre os médicos

A pandemia do coronavírus tem adiado muitas coisas importantes em nossa vida. Entendemos o quanto é fundamental nos preservar e manter o distanciamento o máximo possível. Mas, há pontos que não podem ser esquecidos, como os exames de prevenção a doenças graves, a exemplo do câncer. Entre os impactos negativos da pandemia da covid-19 um dos mais preocupantes é a diminuição drástica do diagnóstico de novos casos de câncer entre os brasileiros, o que chega a uma média de 15 mil casos não diagnosticados por mês.

O dado publicado em artigo de especialistas brasileiros na Elsevier, empresa global de informação e análise para clientes de ecossistemas de pesquisa e saúde, compara os atendimentos pelo SUS no período de janeiro a agosto de 2019 e 2020. Professor da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, o oncologista clínico Rafael José Vargas Alves, da Oncoclínicas RS, alerta que, além das consultas de rotina, exames preventivos importantes estão sendo adiados.

Um desses exames é a colonoscopia, recomendado para detecção de câncer e doenças inflamatórias intestinais. De acordo com o Radar do Câncer, houve uma queda de 36,54% na realização desse tipo de exame pelo sistema público de saúde entre março a dezembro de 2020 em comparação com o ano anterior. Já a queda no número de biópsias em geral chegou a 39,11% no mesmo período. O levantamento é realizado por meio de acompanhamento no DATASUS, mapeando procedimentos de rastreamento, diagnóstico e tratamento dos pacientes e comparando com o período de 2019.

Para evitar o agravamento da situação, os pacientes são orientados a conversar com seu médico para definir qual o melhor procedimento para manutenção do tratamento e realização de exames seguindo todos os cuidados e protocolos sanitários. Estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que o País conta com mais de 1,5 milhão de pessoas que dependem de tratamento oncológico, número que tende a aumentar, de acordo com a previsão do Instituto Nacional do Câncer (Inca) de novos 625 mil diagnósticos para 2021.