QUEDA DE CABELOS: COVID-19 PODE SER SÓ UMA DAS CAUSAS

Existem muitos outros fatores que levam a perda diária de fios em quantidade maior que o ideal, médica dermatologista orienta sobre que cuidados e providências tomar

É uma queixa cada vez mais comum entre pacientes que se recuperam da covid-19 a queda de cabelos. De fato, como explica a dermatologista Fátima Sertorio, qualquer doença febril ou que provoque grande estresse físico ao organismo, pode causar um amadurecimento precoce dos fios que, então, entram na fase final do seu ciclo capilar, fase chamada de telógena.


Com isso, há queda de um número maior de fios, acima da média considerada (em torno de 100 fios por dia). “Chamamos essa queda de eflúvio telógeno. Essa é a associação da covid-19 com os cabelos. Costuma ser transitória, durando de 3 a 6 meses”, comenta a médica. O dermatologista, continua, é o profissional da saúde que pode auxiliar no diagnóstico correto e fornecer tratamento de suporte para tentar abreviar esse período.

Quando se fala em cabelos enfraquecidos, há quem pense nas vitaminas e junto com isso, diz a dermatologista, vêm muitos mitos associados com a suplementação de vitaminas e suplementos minerais para cabelos. “Na edição de dezembro do International Journal of Dermatology de 2020, foi publicada revisão desses suplementos, e parece haver alguma evidência com zinco, vitamina E, cavalinha, metilsulfonilmetano( MSM, forma natural do enxofre orgânico), óleo de semente de abóbora, saw palmetto( esse para calvície feminina), além de complexos marinhos”, comenta Fatima.


E ao pensar em faixas etárias que podem ser mais acometidas pelo chamado eflúvio telógeno, a médica cita as mulheres mais jovens, embora, diz, possa ocorrer a qualquer idade. “Já comentamos sobre sua relação com doenças febris, mas pode se relacionar com outras situações, como pós-parto, perda de peso (muito comum pós-cirurgia bariátrica), alterações de tireóide, medicamentos, alterações hormonais e doenças inflamatórias do couro cabeludo (como dermatite seborreia, a popular caspa e psoríase)”, acrescenta Fatima.


É difícil prever quando haverá um eflúvio, mas, de acordo com a dermatologista, parece haver uma certa predisposição, inclusive genética. O importante é consultar sempre um médico especialista para o diagnóstico correto e diferenciar de outras condições, como a calvície (alopecia androgenética masculina quanto feminina) e alopecia areata (condição autoimune), por exemplo.


O tratamento vai sempre depender da avaliação do dermatologista e do diagnóstico. “Vamos ouvir a história, examinar o couro cabeludo, realizar a tricoscopia com o auxílio do dermatoscópio, conforme solicitar exames complementares, como exames de sangue”, salienta Fatima, ao ressaltar que, ocasionalmente, é necessário ainda realizar a biópsia do couro cabeludo, para um melhor diagnóstico. O tratamento pode ser apenas com produtos de uso local (tópico), como shampoo, minoxidil tópico, ou incluir medicamentos via oral, como minoxidil via oral, antiandrogenos, isolados ou associados a anticoncepcionais. Há procedimentos complementares como microagulhamento e laser que também podem ser indicados.