PAI, ME LEVA EM UMA EMPRESA DE TECNOLOGIA?

A busca real por relações reais...

Por César Silva*

Pai! Me leva em uma empresa de tecnologia?

- Por que você quer ir lá?!

- Quero saber como me preparar para ser funcionária dela!

- Mas tem muito tempo para isso!

- Pai! Pensa comigo! O mundo está cada vez mais veloz! Eu não quero perder tempo com treinamento. Eu quero estar pronta!

- Tem tempo para isso Laura!

- Está bravo comigo pai?

- Não filha, por quê?

- Quando você me chama de Laura é sinal de que estou lhe irritando!

- Nada isso filha!

- É sim! Faz assim pai: me leva para conversar com a pessoa responsável pelas contratações, que pergunto tudo para ela. Você não precisa se preocupar!

- Filha! Vamos fazer o seguinte: vou falar com um amigo meu. Vamos na fábrica de software dele. Pode ser?

- Show! Quando chegar lá deixa que eu falo pai, combinado?

- Tudo bem filha!

A cada semana uma situação inusitada. O que Laurinha quer? Em realidade, nesta altura, a pergunta certa é: o que a Laurinha andou vendo, lendo ou pesquisando?

Os desafios eram semanais e cada vez com mais profundidade. Carlos marcou a visita com seu amigo e avisou:

- Minha filha é bem curiosa!

- Adoramos pessoas curiosas! Quem sabe eu contrato ela?

- Calma Paulo! Ela só tem 11 anos!

- Você ainda não entendeu, não é Carlos?

- Entender o que?

- Essa geração sabe muito bem o que quer. Ela quer aprender, experimentar e crescer sempre. Traga ela sim! Já sei o que vou fazer! Vou surpreender ela!

- O que? Tem certeza? Acredito que vai ser o contrário Paulo. Mas vamos lá!

No dia e hora marcados, Carlos e Laurinha estavam lá! Ela saiu do carro com o peito cheio de esperanças e a cabeça fervilhando de perguntas. Carlos deu o recado:

- Laura!

- Pai!!!

- Laura! Calma! Não vai metralhar o Paulo com quinhentas perguntas!

- Não pai! Vou fazer uma só!

Carlos ficou ainda mais desconfiado! Como assim uma pergunta só?!?!! O que a Laurinha vai perguntar? Era melhor confiar mesmo!

Entraram na empresa. Paulo estava na recepção e fez questão de recebê-los. Olhou para Laura e disse:

- Então é você que quer o meu lugar?

Laura não deixou "barato" e com toda calma disse:

- Eu não quero o seu lugar! Você que vai querer o meu um dia!

- Nossa menina! Você é destemida mesmo!!

- Não Paulo, chamando o amigo do pai pelo nome. Sou positiva mesmo! Hahahahaha!

Todos riram e seguiram em visita às instalações. Laura ficou quieta e atenta. Prestou atenção a cada detalhe e fala. Observou as instalações e, principalmente, as pessoas que estavam lá.

Sua mente fervilhava! Mas, ao contrário do que seu pai pensava, ela estava muito calma, como se nada estivesse acontecendo....

Entraram na sala de Paulo e começaram a conversar sobre como o negócio funcionava, quais os desafios, as vitórias, os fracassos e os destinos da empresa. Paulo explicava como era uma pessoa realizada e como havia iniciado toda a caminhada.

Os dois adultos se olhavam com cautela, esperando as reações de Laura, já que Carlos enfatizou o seu espírito curioso ao amigo. Paulo não se aguentou, como inquieto que é, e perguntou:

- Laura! Seu pai me disse que você quer me fazer uma pergunta. Uma só?

- Claro! Uma só!

- Qual a pergunta Laura?

- Quanto você precisou errar para acertar tanto?

A cara de espanto de Paulo e de Carlos mostraram o momento inusitado! Laurinha complementou:

- Seja sincero comigo! Quero aprender com quem realmente fez, como você! Tem muita conversa "fiada" na internet!

César Silva é Escritor, Empreendedor e Mentor de Negócios. Autor do e-book Inspirando Rumos - Histórias, Editora Temas Preferidos.