O QUE FAZER QUANDO OS PEQUENOS NÃO CONSEGUEM IR AO BANHEIRO?

Dicas de pediatra e psicóloga ajudam a identificar e prevenir a prisão de ventre ou encoprese

Alguns pais ou responsáveis por crianças pequenas passam por dificuldades quando o assunto é a hora de ir ao banheiro. A dificuldade em evacuar pode ter várias origens e sempre é importante investigar. A prisão de ventre varia muito de criança para criança, além do fator idade. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, para que seja considerada “prisão de ventre” em crianças por volta dos 4 anos, devem ser cumpridos no mínimo dois critérios durante dois meses consecutivos: menos de três defecações na semana, ao menos um episódio de incontinência fecal por semana, posturas ou atitudes retentivas para evitar a defecação, defecação dolorosa, fezes de grande diâmetro no reto ou palpáveis a nível abdominal e defecções excessivamente volumosas.

Aqui, apresentamos alguns esclarecimentos feitos por profissionais da saúde. A médica pediatra Loretta Campos dá algumas dicas para identificar e prevenir o problema e a psicóloga infanto-juvenil Ariádny Suci de Campos que por meio do livro Pedro Não Quer Ir ao Banheiro (Editora Sinopsys) mostra de maneira lúdica como auxiliar a prática clínica na psicoeducação do transtorno de eliminação, a encoprese.

A obstipação intestinal, mais conhecida como “prisão de ventre”, é muito comum na infância e as causas podem ocorrer por diversos fatores: alimentação pobre em fibras, medo de evacuar por causa da dor com a fissura anal, insuficiente ingestão de líquido e pouca atividade física.

A criança que está obstipada faz menos cocô que de costume, principalmente se já está há quatro dias sem evacuar e tem dificuldade para eliminar as fezes. No entanto, há outros sintomas como excrementos duros e secos que fazem o bumbum doer, ou mesmo, fezes líquidas que só sujam a fralda ou a roupa de baixo. “Pode ser que a parte sólida das fezes esteja presa dentro dos intestinos, e só as líquidas consigam sair. É preciso cuidado para não confundir isso com diarreia,” alerta Loretta.

Saber identificar a prisão de ventre é importante para corrigir o problema o quanto antes. A pediatra apresenta oito dicas importantes que poderão ajudar os pequenos:

 1.       Evite alimentos que prendem o intestino: arroz, banana, maçã e cereais. É salutar maneirar no leite;

2.       Aumente as fibras com o consumo de pães e bolachas integrais, mamão, ameixa preta, feijão e brócolis;

3.       Ofereça muito líquido;

4.       Incentive o seu filho a correr e brincar bastante;

5.       Não force a barra para que seu filho abandone as fraldas se ele ainda não estiver preparado;

6.       Instigue seu filho a ir ao banheiro quando tiver vontade. Se ele nunca sente vontade, faça-o passar dez minutos no penico ou na privada depois do café e do jantar;

7.       Converse com o pediatra. Ele poderá sugerir um laxativo, lubrificante natural, fibras solúveis ou supositório;

8.       Se as fezes do seu filho têm sangue, o pediatra poderá orientar um tratamento para combater a fissura anal.

Personagem de livro tem as mesmas dificuldades que crianças com encoprese

Por meio da história de Pedro, uma criança que tenta esconder das pessoas que sente medo, e evita a todo custo usar o banheiro, o livro de Ariádny auxilia no reconhecimento e identificação do transtorno.

Ao longo da narrativa, o personagem manifesta as mesmas dificuldades que crianças com o Encoprese, tais como: constipação, dor abdominal, vazamento das fezes na roupa, regressão para o uso da fralda, dor ao evacuar, e sentimentos de vergonha, medo e culpa.  Ao expor isso por meio da leitura e de atividades propostas, a obra psicoeduca sobre o transtorno, estimulando a criança a falar e pensar sobre o que pode estar acontecendo com Pedro e com ela.

Segundo a autora, o livro nasceu da necessidade de materiais lúdicos que possam auxiliar a prática clínica na psicoeducação da encoprese, tendo em vista a grande quantidade de crianças que possuem essa dificuldade. Para ela, a obra explica o modelo cognitivo comportamental, auxiliando no reconhecimento das emoções e propondo práticas para o tratamento.