FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA PÓS-COVID: SAIBA POR QUE É IMPORTANTE

Especialistas alertam para a reabilitação em casos moderados a graves da doença causada pelo coronavírus

Ainda uma doença nova, a covid-19 pode se manifestar de diferentes maneiras e intensidades de acordo com os pacientes. As consequências e sequelas da infecção também podem variar e tudo ainda segue sendo pesquisado e estudado. No entanto, alguns sinais já são bem consistentes e o tratamento pós-covid pode ajustar a vida de muitos pacientes. A fisioterapia respiratória é uma dessas importantes ferramentas para que a vida volte ao normal, o máximo possível, depois que o coronavírus esteve no corpo. Por isso, devemos ficar atentos ao que dizem os profissionais da saúde que lidam diariamente com esta realidade. O médico internista Rafael Vilanova explica que nos casos que variam de moderados a graves, em que existe acometimento pulmonar, a fisioterapia respiratória é essencial. A ausência de fisioterapia respiratória nestes casos, de acordo com o médico, resulta em um atraso na recuperação dos pacientes, com necessidade de suplementação de oxigênio por mais tempo, maior tempo de internação e maior índice de infecções pulmonares associadas


“A fisioterapia é definida segundo o órgão que nos regulamenta como ‘uma ciência da Saúde que estuda, diagnostica, avalia, previne e trata os distúrbios cinéticos funcionais intercorrentes em órgãos e sistemas do corpo humano, gerados por alterações genéticas, por traumas e por doenças adquiridas.’ Mas eu, particularmente, gosto de dizer que fisioterapia é reabilitar”, afirma a fisioterapeuta Camila Kieling Scalcon.


Em reforço ao que orienta o médico, ela fala da importância da fisioterapia respiratória para pacientes de covid-19, entre outras doenças. O papel da fisioterapia respiratória, diz ela, é muito importante para tratar doenças pulmonares e cardiorrespiratórias ou evitar complicações dessas doenças, e também tem grande papel em pós operatório de cirurgias cardíaca, bariátrica e no atletismo para ganho de performance.

“Mas no momento é muito importante falar sobre isso, a visibilidade dessa área da fisioterapia está na reabilitação de pacientes pós covid-19”, frisa Camila.


AVALIAÇÃO E OBJETIVOS

Camila ressalta que é muito importante o paciente conversar com seu médico e receber uma avaliação, pois cada um, como dito acima, é afetado pela covid de maneira muito particular. Assim, depois da avaliação técnica, são traçados os objetivos do tratamento e as condutas a serem adotadas.


Responsável pela área de reabilitação pós covid-19 da Vivace Clínica Fisioterápica, Camila tem percebido que mesmo graus mais leves da doença geram sequelas que vão desde a perda de resistência - há relatos de pacientes que não conseguem subir a escada de casa sem parar no meio para respirar, por exemplo - até perda de força muscular. “Então como já falei, o ideal é avaliar e junto com o paciente definir qual a sua queixa em relação a sequela da doença e como tratá-la”, completa.


Junto com tudo isso, com todo o contexto que envolve a ansiedade em ficar bem, é normal querer resultados imediatos. Mas é importante entender que tudo que envolve uma nova doença, ainda mais em meio a uma pandemia, é prematuro traçar certezas. “Tudo em saúde requer estudos para ter certeza de resultados, mas pelo que vejo no dia a dia sim, os pacientes em poucas sessões têm resultados bem satisfatórios em relação às limitações que trazem os mesmos para tratamento”, considera Camila.


A CADA SEMANA, UMA EVOLUÇÃO

No decorrer dos dias, continua, ela conhece inúmeras histórias de pacientes, familiares e suas experiências com a covid-19. “Vejo que pacientes mais debilitados ou que tiveram casos mais graves procuram a fisioterapia logo que indicada pelo pneumologista ou após a alta hospitalar. Os resultados desses pacientes de maneira geral são rápidos e de grande percepção, a cada semana uma evolução e assim no final do tratamento já ouvi alguns dizendo estar melhor do que estava antes da covid".


E ao mesmo tempo, afirma encontrar pacientes que foram acometidos de forma mais branda depois de meses de alta do isolamento, por estar voltando à atividade física ou de lazer, quando essa é algum esporte, e não ter capacidade pulmonar ou força para tal atividade. “Estes pacientes geralmente levam mais tempo para reabilitar, ou seja, ‘voltar ao normal’, então meu conselho é que realmente observem o seu corpo e se notarem qualquer déficit ou limitação procure um fisioterapeuta da sua confiança para uma avaliação”, orienta a fisioterapeuta.