FIQUE NU PARA SI! SUA ALMA AGRADECE

Por César Silva

A arte em observar-se imparcialmente e focar naquilo que necessita ser aprimorado é tarefa para alguns corajosos de plantão! Há tantas questões que não nos pertencem e que carregamos como fardos e tralhas sem uma razão objetiva.

Há que se despir da vaidade, do preconceito, da injustiça, das crenças que não nos fazem bem, daquelas frases “verdadeiras” que rondam nossa vida por que quem nos disse era alguém que nos amava, em resumo, nos despir do que não nos pertence.

É interessante perceber que aqueles que alcançaram a maturidade intelectual, emocional e espiritual procuram enxergar o que não querem mais, apesar de saberem do que gostam. Mas naquilo que não desejam mais há uma certeza profunda e existencial: isso eu não quero!

Esse olhar verdadeiro, sem poeira, só é possível com uma maturidade conquistada! Ela não tem, necessariamente, a ver com a idade e sim com o discernimento e o conhecimento de si mesmo!

Ficar nu para o mundo é fácil: quando crianças perante nossos pais, quando adolescentes em frente da nossa namorada(o) e quando adultos, nus com nossa esposa(o). É a exposição de nossa intimidade corporal e a possibilidade de dividirmos a nossa vida com alguém.

Essa exposição ainda guarda segredos do coração e da mente que vão sendo desvendados com o tempo e com o desenvolvimento da relação, se alicerçada no amor verdadeiro. Mas sempre há aqueles segredos não divididos, individuais e secretos, que guardamos a sete chaves pra ninguém ver. Essa é a questão!

Olhar no espelho e ver além do corpo e assumir algumas posturas “encalacradas” em si e que não se quer mais! Olha! Coragem! Não tem plateia, não tem desculpas, somente uma figura importante na vida da gente: a verdade!

E a verdade é como uma luz: num primeiro momento cega;  num segundo momento mostra a realidade nua e crua. Ela, por si só, não dói, não machuca, simplesmente mostra! A dificuldade está em aceitar o verdadeiro eu em detrimento da imagem construída e idealizada de forma fantasiosa sobre nossa própria pessoa!

As frases que as “amigas(os)” nos disseram e que nessa hora vêm pra nos assombrar, são muito comuns. Mais ou menos assim: todo mundo diz que sou chato, sou tão feinho, são tão sem graça, ninguém me acha legal...e assim vai a lista.... Quanto lixo!

E o pior, é que ficamos nos culpando por algo que nos foi dito. A questão é que não somos nem um pouco reflexivos, coisa da cultura ocidental. Infelizmente a cultura oriental está ficando assim também! Precisamos refletir, analisar, sentir, dar tempo ao tempo, deixar o corpo reagir, verificar se as afirmações externas nos dizem real respeito ou se são ditas ao vento.

O desenvolver do discernimento exige que nos dispamos perante nós e encaremos o que vier a fim de nos conhecer. Não basta uma vida feliz em todos os sentidos e de forma exterior se a alma padece de um sofrimento sutil, atroz e devastador! É aquele momento em que nos damos conta de que temos tudo, mas não somos nada! E esse nada não é perante o mundo! É para nós mesmos!

De que adianta o brilho da ribalta se a alma é refém desse brilho? Que felicidade é essa se depende de situações externas a si para existir? Coragem! Coragem! Coragem! Mais um ano termina e uma nova contagem de 365 dias se inicia! O mais legal é que podemos mudar isso a qualquer momento! Basta dar o primeiro passo em busca da nudez profunda, da nudez existencial! Com humor, alegria, inteligência e o bem maior como foco, temos muito a agregar! Vai uma alma peladinha aí?