ENTRE A LOBA E A MULHER: GRUPO DE ESTUDOS CRIA DEBATE SOBRE BEST-SELLER DE ESCRITORA AMERICANA

Mulheres Que Correm Com os Lobos é tema que reunirá 30 participantes em encontros mensais durante mais de um ano

“Sensações de vazio, fadiga, medo, depressão, fragilidade, bloqueio e falta de criatividade são sintomas cada vez mais frequentes entre as mulheres modernas, assoberbadas com o acúmulo de funções na família e na vida profissional.” Este cenário lhe parece familiar? Pois trata-se da apresentação de um livro publicado no Brasil no início da década de 1990, mas muito, muito atual. Escrito pela americana Clarissa Pinkola Estés, Mulheres Que Correm Com os Lobos retorna ao contexto de reflexão e discussão (tendo, inclusive, uma nova edição pela editora Rocco) e, em Novo Hamburgo (RS), um grupo de mulheres deu início, neste final de semana, a um trabalho incrível, uma jornada de autoconhecimento e empatia que, definitivamente, vai tocar fundo na vida de cada uma delas. Um estudo que deve durar quase 12 meses em encontros mensais para debater o livro.

Numa iniciativa da psicóloga Larissa Heldt e da jornalista Bárbara Viacava, cerca de 30 mulheres passaram a se reunir no Espaço Norte  , um recanto no bairro Vila Nova direcionado a quem quer praticar atividades que beneficiam corpo e mente, como Yoga e Meditação. Cada capítulo do livro será tema de um desses encontros mensais. 

Para entender um pouco a proposta do livro, é interessante saber que os lobos sempre foram temas de sonhos e até mesmo da vida real da escritora. Estudando estes animais, Clarissa Pinkola Estés percebeu muitas semelhanças entre a loba e a mulher, especialmente quando se trata da dedicação aos seus filhos, seu companheiro e ao grupo ao qual pertence. Mas, com a passagem do tempo e desenvolvimento das civilizações, estes instintos aos quais ela chama de Mulher Selvagem, foram domesticados, e todo o potencial criativo feminino foi sufocado.

Isso foi tema de uma das primeiras conversas entre Larissa e Bárbara, que se conheceram recentemente. Diante de vários assuntos ligados à temática do feminino, surgiram muitas ideias em comum e o livro Mulheres Que Correm Com os Lobos foi uma delas. “A Bárbara me disse que já tinha lido mas que não sentia que entendia por completo e sugeriu que eu, enquanto psicóloga, mediasse um grupo de estudos sobre o livro. Quando penso em grupo, sempre penso que quanto mais olhares por detrás das propostas, mais rico os grupos se tornam. Por isso, eu fiz a contra proposta pra ela de nós facilitarmos o grupo juntas. E aí surgiu as milhões de ideias - de não ser somente um momento para estudar, de ser um grupo de apoio, de escuta, de troca, de vivências e dinâmicas que transcendem o livro. O livro e a leitura mensal de cada capítulo norteiam algo que desejamos que vá além. Entendemos esses encontros como provocações, mudanças, conexão e construção de uma rede de irmãs, que se olham, se apoiam e crescem juntas”, diz a psicóloga.

Apesar de acreditar na ideia que lançaram nas redes sociais, as duas amigas ficaram extremamente surpresas com o fato de em menos de 14 horas as vagas terem se esgotado. Para Larissa, as mulheres estão despertando, querem se unir, entendem que é o momento de se perceberem enquanto irmãs e também o quanto podem crescer juntas. “Pra mim, é muito mais do que um grupo de estudos - o livro é a ferramenta perfeita para essa união. Ele fala de todas nós, dos ‘sintomas’ de estarmos desconectadas do selvagem presente dentro de nós e como podemos encontrar nossa essência novamente”, avalia a psicóloga.

A julgar pelo primeiro encontro, muita emoção está por vir. Com uma dinâmica bem interessante, as participantes do grupo se apresentaram a partir de recortes e colagens, uma forma muito bacana de resgatar parte de sua história. É disso que fala o livro, sobretudo de autoconhecimento e fazer isso em grupo é muito melhor. 

Mas, mesmo que você ainda não faça parte de um grupo de estudos ou de leitura, busque esta obra se está a fim de mergulhar em um universo fantástico: você.