DICA DE LEITURA | Em Busca de Mim

Atriz de sucesso e grande talento, Viola Davis abre sua trajetória de dor e sofrimento para ensinar que o amor pode ser, sim, a única saída para superar traumas

Por Aline de Melo Pires*


Quando paramos diante da tela do cinema ou da tevê e enxergamos a grande personagem no filme A Mulher Rei, a brava e decidida agente em Esquadrão Suicida e a determinada empregada doméstica em Histórias Cruzadas, num primeiro momento podemos pensar apenas na talentosa atriz e na carreira gloriosa de Viola Davis. Eu pensava assim, mas depois da leitura de Em Busca de Mim** (Editora Best Seller), a biografia escrita pela própria Viola Davis, nunca mais vou enxergá-la apenas como uma atriz que alcançou o estrelato.


Há, antes disso, uma história profunda marcada pela dor intensa de uma vida sofrida e traumática. Independente de gostar ou não de determinado gênero de filmes em que Viola possa estar, recomendo a leitura deste livro, porque não se trata de uma obra sobre cinema. É uma história de vida.


Viola Davis conta sua vida a partir de relatos de pobreza extrema, de violência, de abusos e de vícios. Mas ela superou esse triste combo, e conta isso tudo de forma brilhante neste livro. De um apartamento caindo aos pedaços, como ela afirma, na cidade de Central Falls, em Rhode Island, para os palcos de Nova York e além, tem muita história.

Os traumas do passado não desaparecem, nunca. As dores não somem de uma hora para outra, talvez jamais sumam, mas ela conta como encontrou forças para aprender a lidar com toda essa bagagem e receber o que de melhor a vida lhe preparou.


O que me chama mais a atenção é que Viola nunca deixou de amar, em nenhum momento ela escolheu devolver a violência, revolta ou falta de empatia na mesma moeda. O amor por sua família, sobretudo pelos pais, e o perdão ao pai, que era extremamente violento por conta do alcoolismo, transformou sua vida e abriu espaço para conquistas e ainda mais amor.


Viola soube enxergar amor onde qualquer outra pessoa poderia ver somente ódio. Mas engana-se que ela viveu tudo isso de forma passiva. Pelo contrário, Viola lutou muito por sua felicidade e por sua realização profissional. E ajudou sua família como pôde. A atriz casou em 2003 e perdeu o pai para o câncer quando este contava 70 anos.

*Jornalista e diretora de Conteúdo do Portal Temas Preferidos
** Leitores da região de Novo Hamburgo encontram este livro, e muito mais, na Livraria Letras & Cia, parceira deste espaço

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