CORONAVÍRUS: O QUE O ISOLAMENTO SOCIAL PODE NOS ENSINAR?

Psicóloga fala das emoções e comportamentos que podem ser vistos como grande oportunidade de descobrir o poder da empatia e da reflexão

Vivemos tempos difíceis. A pandemia do Covid-19 que assusta o mundo tem manifestado uma série de sentimentos e emoções em pessoas das mais várias faixas etárias e sociais. O isolamento social que acontece em virtude por causa da ameaça deste novo vírus pode ter significados diversos para as pessoas. “Alguns verão essa necessidade de isolamento como um sinônimo de um desespero e de que não podem mais vislumbrar um futuro, outras entenderão que esse isolamento possibilita um bem comum e pode ser visto como uma oportunidade de olharmos pra nós mesmos e para os outros (entendendo/atendendo as necessidades de todos)”, afirma a psicóloga Marina Prado Franco*, que fala com exclusividade ao Temas Preferidos. Mas, diante disso tudo, há alternativa?

Nos casos em que o isolamento é visto como uma “catástrofe”, diz a psicóloga, essas pessoas precisarão de apoio e busca de um sentido diferente para o momento vivenciado, por isso, é importante aproveitar esse momento para sempre ligar e estar em contato com os conhecidos para saber como estão.

Por outro lado, prossegue a terapeuta, nos casos em que existe uma visão mais positiva perante o momento, essas pessoas buscam conectar-se consigo mesmas de forma mais atenta, pondo em ordem coisas que estavam “de lado”, relaxando ou aproveitam o momento para conviver de forma mais presente com os outros.

É aí que surge uma oportunidade de exercitar a empatia, não somente a partir das medidas de higiene, mas as pessoas também acabam se não conquistando, desenvolvendo a  capacidade de olhar com emoção e sentimento para si e para os outros. “A empatia no momento atual em que vivemos, momento de quarentena e isolamento, pode ser exercitada de várias formas”, diz Marina, ao enumerá-las:

  • Ofereça ajuda aos familiares e vizinhos mais idosos ou com alguma doença prévia, os quais estão no grupo de maior risco, com as compras e idas à farmácia;
  • Ligue para amigos e conhecidos que nunca mais falou para saber se estão bem ou precisam de alguma ajuda;
  • Explique aos mais velhos o porquê de terem que ficar em casa, que isto seria um ato de amor e cuidado e não um “abandono”;
  • Compartilhe cursos, livros e filmes que os outros possam se beneficiar, isso pode ser feito com o envio de links e pdf´s via whatsapp;
  • Jantem/almocem juntos através das chamadas de vídeo;
  • Contribua com os pequenos comerciantes/lojistas, vá na lanchonete da esquina ou na mercearia perto de casa;
  • Colabore com os profissionais liberais que não conseguem fazer o seu trabalho sem o contato pessoal (manicures, cabeleireiro, faxineiras), se possível, faça alguma doação ou deposite o valor que depositaria normalmente e faça um combinado de ficar como um crédito para ser usado lá na frente.
  • Distribua álcool gel ou comida que tenha comprado e esteja sem uso.

Assim, esperamos que essa fase tão complicada passe com os menores impactos possíveis!

 

* Psicóloga formada pela Universidade Federal de Sergipe; Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental pelo CTC VEDA em São Paulo; Mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP; realiza atendimento presencial e online. Tem experiência no atendimento com adolescentes e adultos.